Marcela quer fazer você gozar: como é o curso de sexualidade da ex-BBB20
A ginecologista e obstetra Marcela Mc Gowan, que participou do BBB20, deu uma palhinha, dentro da casa, do seu conhecimento sobre sexualidade feminina. "Nós transamos errado", disse, em uma das conversas com outras participantes. Mas então qual o jeito certo, Marcela?
A resposta para essa pergunta está no curso que ela dá, chamado "O Prazer É Todo Mundo", disponível presencialmente e online.
Universa fez o curso pela internet e conta algumas dicas e revelações da médica. Por cerca de três horas, em 40 videoaulas curtas de no máximo oito minutos, ela fala sobre masturbação, vulva, vagina, como encontrar os pontos que mais excitam a mulher, posições para ter mais prazer na penetração, entre outros assuntos. O curso custa R$ 587, e contamos mais detalhes dele abaixo.
Apresentação tem história do feminismo e revelação de estupro
Antes de chegar na parte do sexo em si, Marcela faz um preâmbulo de uma hora e meia com diversas aulas sobre a história do papel da mulher na sociedade. Sempre sentada no chão, em cima de uma colcha de retalhos, com velas, flores e livros espalhados. Podemos ouvir ela falando do movimento feminista, da opressão para sermos bonitas — e de como isso nos tira forças para outras coisas, como a carreira —, e o sentimento de ser obrigada a servir o homem sexualmente, o que não dá prazer nenhum à mulher e, na verdade, pode até ser considerado estupro.
Ao longo dos vídeos em que trata de questões históricas, estão lá algumas das coisas que ela já falou durante o BBB e a maneira como nossas questões foram tratadas ao longo do tempo de maneira a inferiorizar o que é feminino. Não se aprofunda, porém, nas diferenças de opressões entre mulheres brancas e negras, crítica que recebeu quando ainda estava no programa. Também fala de ginecologia natural e ervas e chás que podem ser benéficas em momentos como os de TPM e cólicas menstruais.
Em uma das aulas, ao falar sobre como traumas sexuais podem nos impedir de ter prazer, Marcela faz uma revelação pessoal. Quando tinha 18 anos, saiu com um homem mais velho e foi até a casa dele. Lá, os dois começaram a se beijar, e o negócio foi ficando mais quente. Mas ela, que não queria avançar, conta ter dito "não" várias vezes. Ele, no entanto, insistiu. Marcela diz que chorou durante e depois do ato, e só ao fazer terapia tântrica percebeu que sofreu um abuso e que isso a traumatizou.
Ela conta no curso que divide a história porque imagina que quase todas as mulheres têm uma igual ou parecida com essa para contar. Conforme Marcela narrava a situação que viveu, me veio à mente as várias vezes em que topei uma relação sem ter vontade e mesmo depois de dizer não. A lembrança dói, mas é importante trazê-la de volta para ter certeza do que a gente não quer mais viver.
Mas por que falar de tudo isso?
Marcela explica que todas essas aulas são importantes antes de começar a falar do sexo em si para que as alunas entendam como as "amarras sociais" às quais estaríamos presas têm relação com as várias queixas que ela ouve no consultório: falta de desejo, ausência de orgasmo, dor na relação.
Ter prazer no sexo começa por nos conhecermos melhor e entendermos do que gostamos. Mas como fazer isso se nós, mulheres, sempre fomos tolhidas de viver livremente nosso tesão?
Para Marcela, o caminho é só um: masturbação.
Marcela, me ajude a gozar!
"Não é o outro que tem que saber do que você gosta. É você que tem que saber isso e dizer para ele", já avisa a médica.
Por isso, é muito importante que as mulheres aprendam a se masturbar e descobrir o próprio prazer, Marcela ensina. Saber exatamente onde e como sentimos prazer é o que vai nos fazer gozar — e é essencial para aumentar a intensidade do orgasmo nas relações com outras pessoas.
Mas dá para ir por partes. E Marcela dá o passo a passo.
Primeiro, fique nua na frente do espelho. Em vez de reclamar do seu corpo, olhe para ele com a naturalidade que merece. Não é hora de praguejar a barriga ou a celulite — afinal, você já faz isso a vida inteira, não é?
Depois, olhe para sua vulva com um espelhinho e conheça sua anatomia. Sem vergonha: vulvas e vaginas não são sujas, tampouco feias ou fedidas. É mais uma parte do seu corpo.
Agora, vamos às técnicas. Vou reproduzir as dicas que achei mais interessantes.
- Comece pelos lábios exteriores. Faça um gancho com o dedo indicador e o médio e deslize por cada lábio, um de cada vez. "Precisa estar bem lambuzada", diz Marcela, sugerindo óleo de coco como lubrificante. Primeiro de um lado, depois do outro.
- Depois, suba dedilhando. De novo, um lado de cada vez. "Vai tocando as regiões em volta do clitóris para saber em qual ponto dá aquele frio na barriga", orienta. Os movimentos devem ser circulares, mas com a ponta do dedo fixa.
- Aqui vem a dica de ouro, e ela vale tanto para a masturbação quanto para o sexo: na hora que estiver sentindo o orgasmo vindo, quando parece que não vai aguentar a sensação, respire fundo e mantenha o estímulo (seja ele seu dedo, um vibrador ou a penetração). "Não trave, deixe vir", diz. Ela garante um orgasmo inesquecível.
Curso tem dicas e informações ótimas, mas demora pra chegar no principal
Até a primeira metade do curso, por uma hora e meia, não ouvi muitas novidades. Não só por ser repórter de Universa há dois anos, mas porque muito do que ela fala, como pressão estética e feminismo, já está bastante disseminado na internet e nas redes sociais.
Claro que há muitas mulheres interessadas nessas informações e elas realmente podem ajudar na hora da libertação sexual, mas essa parte poderia ser mais enxuta ou intercalada com os conteúdos sobre sexo. Porque é aí que Marcela brilha.
A ex-BBB demonstra muita familiaridade com o corpo feminino, fala com naturalidade e leveza sobre assuntos que a vida inteira tratamos como tabu e prova dominar as descobertas científicas mais recentes ligadas ao prazer da mulher.
Entre elas, o tamanho do clitóris, que é bem maior do que se imaginava até pouco tempo. E a localização do ponto G — sim, ele existe e está bem no começo do canal vaginal, onde a parede encontra a parte interna do clitóris. Essa área é estimulada com os dedos, em um movimento de "vem cá", segundo sua explicação.
Além disso, todas as técnicas que ela ensina são ditas com a certeza de quem testou e comprovou a eficácia de cada uma. O efeito dá certo. No fim do curso, a vontade é sair do computador e ir direto testar tudo o que ela ensinou.
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