Miss MT denuncia perseguição e abuso sexual: "Sofremos isso todos os dias"
"Eu sou a Ingrid Santin e no dia 26/04/2020 eu fui molestada." Assim começa o vídeo publicado ontem pela miss Mato Grosso 2019, Ingrid Cristina Santin, de 26 anos, em seu Instagram.
No vídeo de pouco mais de sete minutos, a modelo e estudante de odontologia denuncia que foi perseguida e abusada sexualmente por um homem no bairro Granville, em Rondonópolis, cidade a 218 quilômetros de Cuiabá.
Em conversa com Universa, Ingrid relata que, por volta das 15h30, seguia de moto para a casa da irmã quando percebeu que estava sendo perseguida por um homem, também em uma moto. Segundo a modelo, o suspeito a seguiu por vários quarteirões até a avenida Maria Martins Fontura, onde aconteceu o abuso.
"Pensei que ele iria me assaltar. Tentei acelerar a moto e ultrapassar uma caminhonete que estava à minha frente para me desvencilhar, mas não consegui. Nisso, o motociclista se aproximou e ficou bem ao meu lado. Senti que ele colocou a mão entre as minhas pernas e apalpou minhas partes íntimas", relata a miss.
No desespero, Ingrid conta que começou a buzinar e a gritar para tentar chamar a atenção de moradores do bairro e conseguir ajuda.
"Minha reação foi puxar a moto para o lado. Eu quase caí. Comecei a gritar e buzinar para ver se alguém me socorria, mas não havia ninguém na rua. Então o motociclista virou e foi embora e eu consegui chegar até a casa da minha irmã, que estava perto", lembra.
Segundo Ingrid, ela nunca viu o rapaz, mas, como ele estava com a viseira do capacete aberta, a miss afirma que conseguiu enxergar parte do rosto do homem e ainda está com essa imagem na cabeça.
Descaso no atendimento para registrar a ocorrência
Na segunda-feira, Ingrid relata que procurou a Delegacia Especializada da Mulher (DEDM) para registrar a ocorrência. Mas a jovem relata descaso no atendimento.
Ela afirma que, no momento do registro, um policial questionou se ela havia anotado a placa da motocicleta em que o homem estava e que sem essa informação o registro não serviria para nada, já que eles não teriam como tentar localizar o suspeito.
"Fiquei indignada com esse posicionamento do policial e insisti que queria fazer o registro. Eu tinha as características do homem e relatei tudo na ocorrência. Diante da minha insistência, o boletim foi registrado. Mas, para minha surpresa, não foi como abuso sexual ou estupro. O policial colocou como causa da ocorrência 'natureza diversas'. Esses crimes não podem ser tratados dessa maneira", desabafa a modelo.
Ainda segundo Ingrid, ela refez o trajeto onde o abuso aconteceu e conseguiu identificar câmeras de segurança de residências e comércios que poderiam ter flagrado a ação. Nas imagens, diz ela, é possível ver o suspeito seguindo a miss.
Todo o drama do abuso e do suposto mau atendimento na delegacia foi relatado por Ingrid em um vídeo postado em seu Instagram. Segundo a modelo, o desabafo foi uma forma de chamar a atenção da população para os abusos sofridos diariamente por mulheres e que não recebem a devida atenção das autoridades.
"Minha intenção é chamar atenção primeiro para a violência e o abuso que nós, mulheres, sofremos todos os dias, e também para essa questão do descaso. Porque quando a gente chega ao lugar e não é bem atendido, nós acabamos não denunciando e ficamos com medo de quem deveria nos proteger. Espero que isso ajude outras mulheres", diz.
O que diz a Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil de Mato Grosso informou que "durante o procedimento de registro de ocorrências, os policiais coletam o maior número possível de informações para dar prosseguimento às investigações".
"De fato, foi perguntado à vítima se ela havia conseguido anotar a placa da motocicleta, pois é necessário reunir informações para que seja possível identificar o agressor. Contudo, o fato de a vítima não conseguir dar tal informação não é empecilho para o registro da ocorrência, como de fato foi feito", continua o comunicado.
"A delegada responsável pelo caso já determinou a realização de diligências a fim de identificar o suspeito. A Polícia Civil ressalta que todas as Delegacias da Mulher têm equipes aptas a fazer o registro e acolhimento das vítimas que procuram as unidades. Também será apurado administrativamente se houve algum tipo de falta disciplinar por parte do servidor quanto ao atendimento prestado à vítima."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.