Sem trabalho e ajuda do governo, prostitutas passam fome na Índia
As medidas de isolamento para tentar conter as transmissões do novo coronavírus na Índia estão preocupando as mulheres que trabalham na indústria do sexo.
Fora da lista de serviços considerados essenciais, as prostitutas não entraram no rol de categorias que receberiam ajuda do governo e agora lutam para conseguir se manter. Falta dinheiro para comida e até para comprar materiais de higiene.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Urmi Basu, fundadora do grupo New Light, que faz trabalhos com filhos de prostitutas, diz que a situação desse grupo preocupa tanto pela questão econômica, quanto pela saúde.
"Mesmo quando lockdown for suspenso, se elas começarem a receber clientes não há como saber que está carregando o vírus. Diferentemente do HIV/Aids, uma camisinha não pode protegê-las. Como alguém negocia com segurança em uma situação dessa?", questiona Basu.
A volta ao trabalho por parte dessas mulheres será feita assim que possível já que elas não tiveram acesso a benefícios oferecidos pelo governo, agravando sua situação financeira. No país, mais de 200 milhões de pessoas prejudicadas pela pandemia receberão uma ajuda de 500 ruipias por mês (cerca de R$30).
"Elas não têm comida, estão famintas. Vivem em quartos apertados, sem circulação de ar. Muitas não têm acesso a álgua encanada; às vezes, a escolha é entre pagar contas de água ou dos telefones", diz Ruchira Gupta, fundadora da Apne Aap Women Worldwide, entidade que trabalha para a erradicação do tráfico sexual na Índia.
Para esses grupos, a preocupação recai com as crianças, filhas dessas profissionais. Se as mães ficam desamparadas, isso vai refletir nas crianças. Gupta lembra uma ligação de uma criança de 12 anos, filha de uma prostituta, que disse que a família não comia há dez dias.
A Apne Aap distribuiu 140.000 pacotes de ajuda em Delhi, Bihar e Kolkata com doações privadas. A New Light ajudou a mais de 1.500 famílias apenas em Calcutá com pacotes com arroz, farinha, leguminosas, especiarias, chá, leite em pó, cebola e batata, tudo em quantidade para alimentar uma família de quatro pessoas por duas semanas, além de produtos de higiene.
"As profissionais do sexo não aparecem em nenhum lugar como um grupo marginalizado. O governo não quer aceitar que haja prostituição no país. É o elefante na sala", diz Basu.
A Índia ultrapassou os 25 mil casos do novo coronavírus no país e registrou 824 mortes até agora.
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