Luisa Sonza, meu casamento também não suportou a quarentena
Eu e Luisa Sonza temos mais do que o nome em comum: também me separei em meio à quarentena, e na semana do meu aniversário de 36 anos. A pandemia provocada pelo coronavírus nada teve a ver com o fim de um lindo casamento de 13 anos, mas certamente potencializou todo o caos que é um divórcio, entre eles o de não poder chorar no ombro da minha mãe. Nem no da minha melhor amiga. Nem no de ninguém.
Tem como piorar: aluguei um apartamento à distância, num bairro de que nunca tinha ouvido falar, na zona norte de São Paulo. Estou há cinco anos na cidade, desde que saí de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, mas nunca fui de andar muito pela capital.
Por causa do isolamento, não me permitiram entrar no prédio antes da mudança. Mas o apê, por ora, é uma graça e minhas cachorras gostaram. E é perto de um metrô!
Meu agora ex me auxilia no que pode. Já até andou furando a parede para pendurar novas fotos, vejam só. Como Luisa bem citou no texto que publicou em seu Instagram para comunicar o divórcio, eu e ele "decidimos não ter mais uma vida de casal, mas jamais terminar nosso relacionamento". Até porque, temos duas lindas meninas [caninas].
Mas essa coisa de "seguimos bons amigos" dada como desculpa algumas vezes entre casais famosos que se separam não é instantânea como o amor à primeira vista. Há o luto, a dor, a incerteza se foi a melhor decisão, a chatice de reorganizar a vida —principalmente a financeira—, de comunicar à família, de trabalhar sem conseguir prestar atenção em nada. E não será com o ex que você vai se debulhar em lágrimas entre taças de vinho.
Os amigos —do trabalho, da cidade natal, da vida inteira— fazem lives diárias, mandam mensagens, perguntam da minha saúde mental mais do que de costume. Fofos. Mas me perdoem: vocês não estão aqui, em carne e osso, pegando na minha mão.
E isso talvez esteja doendo tanto quanto a distância do amor da minha vida. É como pegar as fotos das tantas viagens românticas incríveis e desejar se transportar para aquele momento.
Se no início do caos já estava difícil contar apenas com uma pessoa que aparentemente não queria mais estar ao seu lado, imagine que nem isso mais se tem.
Em dias normais, eu teria o privilégio de pegar um avião e correr para a casa dos meus pais, na Serra Fluminense, ou para a praia carioca, onde muitos amigos moram. Mas eu preciso respeitar um vírus que não está nem aí para a minha dor. Aliás, tem gente sofrendo bem mais. Ao menos, estou com saúde.
Enquanto isso, bebo sozinha no apartamento que pude alugar —às cegas, em meio a uma pandemia. A maioria das imobiliárias não está permitindo visitas. E o aplicativo por onde fechei negócio mal respondia minhas diversas dúvidas por mensagem de texto. Foi preciso conseguir o telefone da proprietária para ter mais informações sobre o imóvel em que eu viria a me instalar.
A boa notícia é que o lugar é bonitinho como nas fotos. A surpresa negativa ficou por conta das baratas: estou no primeiro andar e as noites quentes são convidativas para elas. E, agora, matá-las é uma função que só cabe a mim. Tudo bem.
Poderia ter esperado tudo isso acabar, como muitos ex-casais estão fazendo? Para manter minha mente sã e em nome de uma boa relação com o ex, não. Mas os devidos cuidados com a mudança foram seguidos, é bom frisar.
Parafraseando a cantora, não desistam do amor. Porque é somente por ele que muitos estão longe de seus familiares e amigos. Ou mesmo perto de quem nem se queria mais estar.
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