Casal encara infertilidade e fila da adoção em nova série da AppleTV
Em uma das primeiras cenas da nova série "Trying", que estreou nessa sexta-feira (1) na AppleTV+, o casal Nikki (Esther Smith) e Jason (Rafe Spall) estão em um ônibus, voltando de um pub tarde da noite, quando ela percebe que está em seu período fértil. Em um diálogo rápido e engraçado - como é característico das comédias românticas inglesas - ela convence o marido a transar ali mesmo - o coletivo está praticamente vazio, apenas com uma senhora dormindo num banco mais para trás. Nas cenas seguintes, o público descobre que o casal tem problemas de infertilidade e passará os 8 episódios da primeira temporada lidando com o processo de adoção.
Em um papo exclusivo com Universa, os atores ingleses falaram sobre a nova aposta da AppleTV+, mas não teve jeito de começar a entrevista falando sobre outra coisa que não fosse a pandemia do coronavírus e o isolamento social. Afinal, a conversa foi feita via videoconferência, com cada um dos participantes em suas casas."São tempos estranhos que estamos vivendo", diz Rafe, ator de 37 anos que você pode ter visto na comédia "Dou-lhes Um Ano" (de 2013) ou nas superproduções "Jurassic World 2" (de 2018) ou "MIB: Homens de Preto Internacional" (de 2019).
Foi uma experiência inédita tanto para a jornalista que vos escreve quanto para a dupla de atores. Na tela do meu notebook, eu via Rafe, sentado em frente a uma grande estante com sua coleção de vinis. Em outra tela, Esther, atriz britânica de 33 anos ainda pouco conhecida no Brasil, está em uma confortável poltrona, com uma lareira ao fundo e uma planta na lateral. Ambos, assim como eu, estão em casa, o que faz com que nosso papo seja ao mesmo tempo diferente e intimista. E uma informação de bastidores: como quase toda a videoconferência, tivemos problemas técnicos. Em algum momento, a conexão de Rafe caiu.
"Tenho total consciência de que tem gente em situações muito piores, arriscando suas vidas e trabalhando duro. Tenho sorte de estar perto de minha família e estarmos todos saudáveis", afirma Rafe. Esther também está em casa. "Estou em Londres, me sentindo sortuda de ter um jardim e poder tomar um ar fresco. Mas também me sentindo um pouco sem foco. Estou lendo 3 diferentes livros e não consigo me concentrar em nenhum. Até pensei que se eu tivesse filhos seria bom. Teria companhia..." Nesse momento, Rafe, que tem 3, solta: "humm, não sei", num típico tom de humor inglês e aproveitamos para entrar no tema da série.
Conto aos atores que mandei o link do trailer da série para amigos que estão da lista de adoção. Pergunto se eles sabiam como era o processo, mostrado ao longo dos 8 episódios da série. "Me surpreendi com o quanto é longo. Claro, você não quer dar essas crianças para qualquer pessoa, é importante que se escolha bons lares. Mas fiquei especialmente impressionado como fazem uma investigação profunda na vida desses pais, analisam até os relacionamentos passados! Quando você tem filhos biológicos, não passa por metade dos questionamentos que se passa para adotar uma criança. No processo de adoção, há várias chances de pular fora. Então, tem que querer muito", diz Rafe. "E é um processo que te força a se olhar e pensar quem você é e provar ser um bom pai ou mãe antes mesmo de ser", diz Esther.
Dramédia com selo inglês de humor
Comédia e drama andam juntas na série. Andy Wolton, criador da série, é adotado, o que ajuda o roteiro a ter um tom de vida real - tanto nos momentos engraçados quanto tristes. "Isso foi uma das coisas que me chamou a atenção. A série trata de um assunto tão sensível, tão emotivo mas de um jeito cômico. Na minha experiência, qualquer adversidade, dificuldade ou tragédia na vida, as pessoas tendem a rir porque todos nós temos que encontrar aquela luz no fim do túnel, mesmo nas piores situações. É assim que nós, seres humanos, lidamos com as coisas. Com humor. Acho que o seriado faz um ótimo trabalho mostrando isso", afirma Rafe.
Realmente, um dos trunfos da série é a química entre os atores e a força dos personagens. Casais que passaram ou passam por esse processo tem grandes chances de se identificar. "O que ficou claro para mim foi a importância da comunicação entre o casal. Mesmo nos momentos difíceis, é importante saber que eles têm um ao outro. O processo é longo e saber que um pode apoiar ao outro; que quando um estiver mais para baixo o outro vai puxar pra cima é essencial". A série tenta chegar perto da realidade com diálogos sinceros e atuações delicadas - é tudo bem feito, mas sem aquele ar hollywoodiano de superprodução. Segue mais a linha de comédias românticas inglesas como "Quatro Casamentos e um Funeral" ou "Um Lugar Chamado Notting Hill".
Para o resto do público, fica uma dica de entretenimento leve, mas tocante, para esse momento conturbado do mundo.
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