Topo

Após ter vídeo íntimo vazado, influencers se manifestam; entenda o crime

Sthefane Matos e Victor Igoh são influenciadores e comentaram vídeo íntimo que caiu na internet - Reprodução/Instagram
Sthefane Matos e Victor Igoh são influenciadores e comentaram vídeo íntimo que caiu na internet Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa

17/05/2020 13h31

A influenciadora Sthefane Matos afirmou em seu perfil no Instagram que teve um vídeo íntimo divulgado ontem na internet sem sua autorização. Sthe Matos, como é conhecida por seus mais de 6 milhões de seguidores, afirma que sua conta no iCloud — sistema de armazenamento em nuvem do iPhone — foi acessada por uma pessoa que já tinha sua senha, no dia 5 de abril. Essa pessoa, diz a influenciadora, removeu todos os arquivos do celular, entre fotos, contatos e mensagens.

O influenciador Victor Igoh, que aparece no vídeo com Sthe, também se manifestou sobre o vazamento. Ele confirma a autenticidade do vídeo e afirma que a gravação foi feita com o consentimento dos dois, porque "queriam ver depois".

Gravar cenas de sexo com consentimento ou mandar nudes para o parceiro não é crime. Crime é divulgar o material para terceiros sem autorização: está tipificado desde 2018 na Lei de Importunação Sexual, com pena prevista de até cinco anos de prisão. A Lei Carolina Dieckmann, de 2012, trata das situações em que o conteúdo é acessado após invasão de computadores, dispositivos eletrônicos ou pela internet.

Entenda o caso

Os dois influenciadores, separadamente, afirmam que tiveram um vídeo íntimo gravado pelos dois vazado na internet sem autorização. Sthe disse aos seguidores que o vazamento ocorreu depois que uma pessoa acessou seu iCloud, há mais de um mês.

"Na madrugada do dia 5 de abril, não hackearam meu iCloud, invadiram meu iCloud. Uma única pessoa que tinha minhas senhas, invadiu, deletou tudo aqui meu celular, ele reiniciou como se fosse um celular novo. E ela ficou com tudo que tinha no meu celular, perdi fotos, mensagens contatos. E aí hoje, essa pessoa divulgou um vídeo íntimo meu. É constrangedor e muito triste falar sobre isso, porque é minha intimidade exposta", narrou, nos stories da rede.

A influenciadora afirmou que tem recebido críticas de outras mulheres, apesar de ela ter sido alvo da divulgação e estar "envergonhada e constrangida". "Mais triste ainda é ver que várias mulheres estão me atacando, mulher é para se apoiar, dar a mão uma a outra, para se defender."

Universa tentou contato com Sthe para questionar se foi feito Boletim de Ocorrência sobre o caso e se há confirmação de que o crime teria sido cometido por uma pessoa conhecida da influenciadora, mas não houve retorno.

Victor Igoh endossa que o iCloud de Sthe foi invadido e questiona o motivo de o material ter vindo à tona. No Instagram, rebateu as críticas que ele e a influenciadora têm recebido pela situação.

"A gente tem uma sociedade machista e preconceituosa. Eu estava olhando o julgamento da situação: [disseram que] eu, o gostosão, que compartilhou o vídeo porque queria números no Instagram. Números não definem caráter e paz de espírito quando vai dormir. Por outro lado, a situação dela: 'cachorra', 'vagabunda'", diz ele. "Eu a conheço, seu caráter, sua educação. Fora de série, bem criada, maravilhosa na cama e na sociedade, defendo com todas as minhas forças."

O que diz a lei

Há pelo menos duas leis que contemplam as vítimas de vídeos de sexo vazados na internet. A primeira é a 12.737/12, a Lei Carolina Dieckmann, que prevê que:

"Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita" gera detenção de até um ano e multa.

Já a lei de importunação sexual, de 2018, entre outras providências, qualifica que:

"Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia" tem como pena a prisão de até cinco anos, se não constituir crime mais grave.

Como reunir provas

Em casos em que o acesso ao material íntimo e a posterior divulgação aconteceu na internet —como situações de "revenge porn" (pornô de vingança)— é indicado que se reúna provas como prints de telas e eventuais e-mails com mensagens suspeitas.

"Como as vítimas costumam ficar muito abaladas, o melhor é chamar um advogado de confiança, um amigo ou alguém da família que possa ajudar a reunir as evidências do crime", afirma o advogado Guilherme Guimarães, especialista em segurança da informação.

O material que comprove que houve vazamento sem consentimento das vítimas deve ser levado a uma delegacia, para que seja feito Boletim de Ocorrência e instaurada a investigação sobre o caso.