Hospitais britânicos são acusados de recusar cesáreas por causa da pandemia
Muitas grávidas no Reino Unido têm relatado a impossibilidade de terem sua opção pelo parto por cirurgia cesariana atendida pelo sistema público de saúde. O problema tem acontecido como consequência da pandemia do coronavírus em território britânico, onde mais de 30 mil pessoas já morreram após serem contaminadas.
Segundo reportagem do jornal inglês The Independent, hospitais britânicos mudaram seus procedimentos em maternidades desde o agravamento da pandemia, em março. Alegando riscos maiores e também ocasional falta de obstetras e anestesistas, as instituições têm deixado de atender às solicitações das grávidas por uma cesárea em vez do parto normal.
"Continuamos sendo contatadas por mulheres que têm seus pedidos de cesárea negados e estamos preocupadas que em alguns lugares o coronavírus esteja sendo usado como desculpa para ditar às mulheres como devem dar à luz", afirmou Maria Booker, da Birthrights, entidade beneficente voltada à maternidade.
A ativista esclareceu que as negativas dos hospitais são contra as orientações do sistema público de saúde britânico. Para Maria, as instituições estariam aproveitando a pandemia para incentivar uma ideologia a favor do parto natural.
"Nas últimas semanas, temos sido contatadas por mulheres que têm problemas cardíacos, pélvicos, de saúde mental e que já perderam um bebê, que tiveram cesáreas negadas", relatou, reforçando que as orientações no Reino Unido são para que se "façam todos os esforços" no sentido de atender à preferência das grávidas, negando a cesárea apenas em "circunstâncias extremas".
Em alguns hospitais britânicos, a recusa sobre as cesáreas foi inclusive relatada em protocolos internos. No Hospital da Universidade Milton Keynes, por exemplo, um documento dizia expressamente que as cesarianas eletivas, ou seja, por opção da grávida, não seriam realizadas por causa da pandemia.
"As mulheres devem ser informadas de que, durante o período da covid-19, a diretoria tomou a decisão de não oferecer cesarianas eletivas por solicitação", afirma o documento do hospital localizado no sudeste da Inglaterra.
A medida é vista como uma forma de imposição pela ativista da Birthrights. "Se os riscos são grandes, é dever do hospital explicar isso às grávidas para que elas possam fazer uma escolha consciente", disse Maria.
Durante o pior período da pandemia no Reino Unido, mulheres foram obrigadas a dar à luz sozinhas, sem a presença de um acompanhante. A medida foi modificada recentemente, acompanhando as novas regras para visitações nos hospitais que seguem a reabertura britânica após controlar a epidemia.
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