Taís Araújo se emociona em live com Jéssica Ellen: 'Sua geração é incrível'
Recentemente Taís Araújo e Jéssica Ellen participaram de uma live nas redes sociais. As atrizes, que fazem parte do elenco da novela 'Amor de Mãe', que teve as gravações suspensas em decorrência do novo coronavírus, conversaram sobre seus papéis na trama, sobre a evolução de suas carreiras e abordaram também questões sociais. No fim da transmissão ao vivo, ambas se emocionaram ao falarem sobre as conquistas geracionais na luta contra o racismo.
Pressão para ser ativista
Em determinado ponto da conversa, falaram sobre se sentirem pressionadas para se posicionarem publicamente sobre diferentes questões. Taís relembrou: "O ativismo para mim veio quase tardiamente como consciência, estudo. Quando mergulhei na questão da mulher negra vi o quanto é apaixonante, arrebatador. Durante um tempo era muita paixão. Ainda é, mas eu comecei a me questionar como eu poderia ser mais útil. Às vezes eu falo, escrevo, dou a cara a tapa. Minha cara já está dada. Ninguém duvida do meu posicionamento político, das minhas lutas. Mas existe essa estratégia de ser cirúrgica".
Jéssica completou: "Eu penso parecido com você. Sou da Rocinha, minha mãe é empregada doméstica. Já cresci tendo muitos bombardeamentos de consciência pela minha mãe, que é a minha referência de tudo. Muitas coisas me atravessam. Eu vejo, fico indignada, sinto necessidade de vomitas, de falar. Mas penso que existe um grupo de pessoas que estudam, se debruçam nisso e sabem falar até melhor do que eu. Falo às vezes do que me sinto capaz de falar. Mas sou uma artista, uma atriz. Penso em como posso contribuir, se não é o caso de transformar isso em uma música, uma cena. Eu sinto que rola uma cobrança de saber o que a gente pensa por a gente representar muita gente. Eu penso muito que sim, represento, mas onde fica a minha individualidade e qual exatamente é a minha responsabilidade. Como devo me colocar, sobre o que eu devo falar".
Não centralizar a discussão
Taís falou então do posicionamento que vem adotando nos últimos tempos. "Chegou um momento em que comecei a pedir para não me chamarem mais para falar sobre alguns assuntos e indicar que chamassem outras pessoas, atrizes. Se não ficaria só eu falando. Nós mulheres negras somos muitas. Não pode ter eu falando por todas nós. Eu falo uma vez, você fala outra, depois a Juliana Alves, a Sharon Menezzes, a Isabel Vilares, a Camila Pitanga. Esses múltiplos pensamentos têm que ser escutados. Somos múltiplas, com origens e pensamentos diferentes. Às vezes divergimos. Existe o perigo de encaixarem a gente como um único tipo, um único pensamento. Isso limita. Temos que fortalecer uma à outra enquanto imagem, enquanto voz. Se você é forte, eu sou forte. É daí que vem a mudança real. A exceção só serve para justificar a regra".
Emoção ao falar sobre as diferenças de gerações
Ao fim da conversa, ambas se emocionaram com uma fala de Taís. "Eu acho você muito f*, a sua geração, seu pensamento. Quando você chegou, o mito da democracia racial já tinha sido derrubado. Você já chegou entendendo o país. Isso facilita muito, não viver com aquele véu da mentira. É papo reto. É bonito de ver. A sua geração não precisa passar pelo que a minha passou. A gente está fazendo um caminho que poderia ser muito mais rápido, mas é muito bonito. Por mais que eu tenha recebido um tapa no peito no começo, quando nós discordamos. É muito importante como vocês se colocam, se respeitam, não se subjulgam. É bonito toda a autoestima que vocês têm desde o nascimento. Isso é símbolo de conquistas de mulheres que vieram antes que a gente. Nenhum passo atrás será dado", concluiu.
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