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Blogueira se desculpa por burlar cotas para entrar na faculdade: 'Vergonha'

Larissa Busch assumiu ter burlado sistema de cotas de universidade - Reprodução/Instagram @larissabusch
Larissa Busch assumiu ter burlado sistema de cotas de universidade Imagem: Reprodução/Instagram @larissabusch

De Universa, em São Paulo

02/06/2020 12h00Atualizada em 02/06/2020 13h33

A DJ e blogueira carioca Larissa Busch usou seu perfil do Instagram hoje para assumir que burlou o sistema de cotas para entrar na universidade se declarando parda.

Ela pediu perdão aos que pleitearam a vaga no sistema de cotas e foram preteridos por ela, que hoje se enxerga como branca.

"Antes de qualquer coisa, eu quero pedir desculpas para as pessoas que realmente deveriam preencher a vaga. Quero pedir perdão também para todas as pessoas negras e minorias que lutaram/lutam para que um sistema como as cotas, que busca justiça social, tenha sido criado", escreveu na rede.

Uma publicação que viralizou ontem à noite no Twitter denunciava a atitude de Larissa. O post mostrava a lista de matrícula do Sistema de Seleção Unificado (Sisu) da modalidade de cotas da turma do segundo semestre de 2014 do curso de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Eu me sinto muito envergonhada, mas estou aqui para assumir o meu erro. Se não puderem me perdoar, entendo perfeitamente", disse.

Em longo desabafo na rede social, Larissa disse que acreditava na época que decisão poderia ser justificada pelo fato de ela possuir ascendentes negros. "Acreditava que ter uma bisavó negra me tornava não-branca. Eu estava errada", assumiu.

"Minha ancestralidade NÃO me torna parda. Eu sou uma mulher branca e tive muitos privilégios por isso", reconheceu.

A blogueira disse que largou o curso no meio porque não sabia lidar com o fato de ter burlado as regras. "Dois anos depois, em 2016 abandonei o curso, justamente por não conseguir carregar o peso dessa culpa", contou.

"Eu não me formei na universidade, abri mão do diploma porque sabia que não merecia estar ali. Claro, isso não exime o meu erro e NÃO quero receber palmas por isso."

Em 2014, seis anos atrás, fiz a pior escolha da minha vida e estou aqui para falar sobre ela com toda culpa que carrego. Entrei na universidade me autodeclarando "parda". Sim, isso é horrível e não tem um dia que não pense nisso. Há muito tempo guardo essa vergonha dentro de mim e por mais que me sinta triste que o episódio mais sujo da minha vida esteja se tornando público, no fundo sempre soube que esse dia iria chegar. Antes de qualquer coisa, eu quero pedir desculpas para as pessoas que realmente deveriam preencher a vaga. Quero pedir perdão também para todas as pessoas negras e minorias que lutaram/lutam para que um sistema como as cotas, que busca justiça social, tenha sido criado. Eu me sinto muito envergonhada, mas estou aqui para assumir o meu erro. Se não puderem me perdoar, entendo perfeitamente. O erro foi grande e eu sei. Queria também me desculpar à todas as pessoas próximas, amigos e família, à quem nunca contei isso antes. Por mais absurdo que pareça, aos 18 anos, eu achava que minha ancestralidade negra me justificava parda. Acreditava que ter uma bisavó negra me tornava não-branca. Eu estava errada. Minha ancestralidade NÃO me torna parda. Eu sou uma mulher branca e tive muitos privilégios por isso. Dois anos depois, em 2016 abandonei o curso, justamente por não conseguir carregar o peso dessa culpa. Eu não me formei na universidade, abri mão do diploma porque sabia que não merecia estar ali. Claro, isso não exime o meu erro e NÃO quero receber palmas por isso. Essa é a minha parte mais feia, imoral e suja. E agora vocês estão encarando ela. A Larissa de 6 anos atrás já aprendeu muito nos últimos anos e estou disposta a seguir aprendendo. Estou disposta a abrir mão dos meus privilégios e continuar lutando pelas causas que acredito mesmo sabendo que dos erros irreparáveis que cometi. Mesmo sabendo que a internet não perdoa, espero continuar aprendendo com esse erro, agora público.

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