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Karamo sobre racismo no meio LGBTQ+: 'Gays brancos ainda têm privilégios'

Karamo Brown, um dos apresentadores do reality "Queer Eye" - Allen Berezovsky/AFP
Karamo Brown, um dos apresentadores do reality "Queer Eye" Imagem: Allen Berezovsky/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/06/2020 15h19

Karamo Brown, o especialista em comportamento do reality show "Queer Eye", da Netflix, falou à Reuters sobre o racismo no meio LGBTQ+. Em meio aos protestos antirracistas acontecendo nos EUA desde a morte do segurança negro George Floyd sob custódia policial, ele apontou que gays brancos ainda desfrutam dos privilégios trazidos pela cor da pele.

"Existe muito racismo na comunidade LGBTQ+. As coisas que vi por aí [na sociedade como um todo] são simplesmente perpetuadas dentro da comunidade", disse. "Sim, você pode ter sofrido por ser gay, mas o seu privilégio branco ainda existe".

Aplicativos

Karamo apontou para os aplicativos de encontros (Grindr, Hornet, etc) como um exemplo. Recentemente, o Grindr removeu o filtro que permitia a usuários bloquearem outros de determinada etnia — e o astro de "Queer Eye" percebeu que muitos gays não curtiram a novidade.

"Os homens gays brancos disseram: 'Isso está errado, eu tenho o direito de dizer que não quero fazer sexo com negros ou com asiáticos'. Se você não entende o porquê desses caras estarem errados, como uma pessoa gay... Você precisa se tocar", comentou.

'Não é novidade'

Para Karamo, casos de violência policial como o que vitimou George Floyd, apesar de causarem indignação e tristeza, não são surpreendentes. "Eu vi coisas assim acontecerem com amigos, membros da minha família", contou.

"Quando você cresce como um homem negro nos EUA, com pais imigrantes, e tenta criar dois filhos negros, esta é uma conversa que você precisa ter constantemente", refletiu.

Protestos no orgulho LGBTQ+

Por fim, o astro do reality da Netflix falou sobre o mês do orgulho LGBTQ+, que é comemorado em junho, se misturando aos protestos antirracistas pelo país. Para ele, "protestos sempre fazem parte" desta celebração.

"Acontece que os protestos são ofuscados por garotos e garotas com arco-íris pintados em seus rostos", brincou. "O que deve mudar este ano é que a comunidade pode colocar o foco naquilo que sempre fez parte da nossa história: ativismo".