Modelo demitida da L'Oréal ao apontar racismo critica oportunismo de marcas
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, a modelo e ativista Munroe Bergdorf criticou as marcas e empresas da indústria da moda que tentaram se associar ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português) sem rever as próprias políticas internas.
Em 2017, a L'Oréal cancelou seu contrato após a modelo postar nas redes sociais que não tinha mais energia para falar sobre a violência racial praticada por "TODAS as pessoas brancas". Bergdorf foi a primeira modelo transsexual contratada pela empresa, e estrelou uma campanha sobre diversidade.
"Você não pode usar um movimento marginalizado para lucrar ou melhorar sua reputação. Pessoas brancas precisam ver a humanidade em nós — eu acho que a sociedade nunca deixou de nos ver como propriedade", disse a modelo ao The Guardian.
Ela fez a postagem em 2017 como resposta às manifestações pró-supremacia branca em Charlottesville, nos Estados Unidos. Agora, ela vê as empresas recebendo críticas por fazerem comentários insensíveis sobre os protestos que tomaram o país após a morte de George Floyd, asfixiado por um policial.
"Precisamos de mais pessoas negras em posições de tomada de decisão. Pessoas negras precisam comandar as coisas, também, mas a realidade é que não temos a oportunidade. Eu acho que as pessoas precisam perceber que perspectivas diferentes criam produtos melhores", opinou Munroe.
Ela também apontou a contradição em sua demissão da L'Oréal, dizendo que ficou exposta a ataques racistas, transfóbicos e misóginos:
"Eu fui contratada pela L'Oréal pelas minhas interseções de identidade. Mas quando me posicionei sobre causas que me importavam, foi a gota d'água. Ao invés de tentarem entender o racismo estrutural, eles tiveram uma atitude de 'Acabe com isso, é um desastre de relações públicas'."
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