Número de feminicídios sobe no México na pandemia, mas presidente minimiza
O México vive uma crise de feminicídios, com número de mulheres mortas aumentando de modo alarmante. Apesar disso, o presidente, Andrés Manuel López Obrador tem minimizado os dados oficiais. Segundo a CNN, ao falar sobre isso, ele cita que muitas das ligações de emergência são trotes.
Desde o início da quarentena no país, em 23 de março, houve aumento nos homicídios. Abril foi o mês mais mortal para mulheres mexicanas nos últimos cinco anos, com 267 assassinatos.
O presidente afirma que o governo anterior ao seu, neoliberal, é culpado por fragilizar a sociedade.
"Vou te dar outro fato, que não significa que a violência contra a mulher não exista - não quero que você me interprete de forma errada", disse ele.
"90% das chamadas que servem de base para vocês são falsas, isso foi comprovado", ele alegou a jornalistas, sobre as ligações de emergência em casos de violência contra mulheres.
Segundo dados do governo, houve 26.171 ligações de emergência em março, relativas a violência contra mulheres. Em abril, na quarentena, foram 21.722.
Maria Salguero, criadora de um mapa de feminicídio no México, afirma que o problema é que os casos não têm sido encerrados na pandemia.
"Não é que as ligações sejam falsas. É que elas não são seguidas por uma investigação completa, então, são consideradas incompletas", afirmou ela, à CNN. Muitas chamadas de emergência são de vizinhos, e nem sempre a polícia comparece para averiguar a situação.
Até aqui, 987 mulheres e garotas foram assassinadas nos quatro primeiros meses de 2020. 308 destes casos foram considerados feminicídios. Mas, para o governo, o número é menor.
Obrador culpa os governos anteriores, neoliberais, por terem fragilizado famílias, que ficam em momentos de maior tensão no isolamento.
O tema rendeu protestos, com dezenas de milhares de mexicanas indo às ruas em março. O governo respondeu publicando vídeos de prevenção à violência doméstica, mas foi criticado por ser "desconectado da realidade". Neles há sugestão, por exemplo, para se contar até dez - como forma de se acalmar.
"Precisamos de mecanismos, orçamentos e auxílio real para mulheres abusadas, e não sugerir que se conte até dez e se hasteie uma bandeira branca", disse Perla Acosta Galindo, diretora de um centro comunitário chamado Más Sueños.
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