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Daniel Radcliffe sai em defesa de mulheres trans e responde J. K. Rowling

Daniel Radcliffe - Reprodução/Instagram
Daniel Radcliffe Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Universa, em São Paulo

08/06/2020 22h37

Daniel Radcliffe, intérprete de Harry Potter na saga cinematográfica baseada nos livros de J. K. Rowling, escreveu um longo texto em defesa das mulheres transexuais — que entraram em evidência na última semana, após tweets considerados transfóbicos escritos pela autora dos livros do bruxo.

O ator escreveu sua manifestação no site da Trevor Project, ONG que trabalha com a prevenção do suicídio na população LGBTQ+. "Sei que certos meios de comunicação provavelmente vão querer pintar isso como uma briga entre J. K. Rowling e eu, mas realmente não é caso, e nem é o mais importante agora. Embora Jo seja inquestionavelmente responsável pelo curso que minha vida seguiu, como alguém que teve a honra de trabalhar e continua contribuindo com o Trevor Project na última década, e apenas como ser humano, sinto-me compelido a dizer algo a respeito neste momento", começou ele.

"As mulheres trans são mulheres. Qualquer declaração em contrário apaga a identidade e a dignidade das pessoas trans e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde que têm muito mais experiência nesse assunto do que Jo ou eu. De acordo com o Trevor Project, 78% dos transgêneros e jovens não binários relataram ter sido objeto de discriminação devido à sua identidade de gênero. É claro que precisamos fazer mais para apoiar pessoas trans e não-binárias, não invalidar suas identidades e não causar mais danos", continuou.

Daniel convidou os leitores a conhecerem mais sobre a situação de pessoas trans. "Ainda estou aprendendo a ser um aliado melhor; portanto, se você quiser se juntar a mim para aprender mais sobre identidades trans e não binárias, consulte o Guia do Trevor Project para ser um aliado de jovens trans e não binários. É um recurso educacional introdutório que abrange uma ampla gama de tópicos, incluindo as diferenças entre sexo e gênero, e compartilha as melhores práticas sobre como apoiar pessoas trans e não binárias", prosseguiu.

"Para todas as pessoas que agora sentem que sua experiência com os livros foi manchada ou diminuída, lamento profundamente a dor que esses comentários lhe causaram. Eu realmente espero que você não perca totalmente o que era valioso nessas histórias para você", frisou Daniel.

Por fim, ele declarou: "Se esses livros lhe ensinaram que o amor é a força mais forte do universo, capaz de superar qualquer coisa; se eles lhe ensinaram que a força é encontrada na diversidade e que ideias dogmáticas de pureza levam à opressão de grupos vulneráveis; se você acredita que um personagem em particular é trans, não binário ou fluido de gênero, ou que é gay ou bissexual; se você encontrou alguma coisa nessas histórias que ressoou com você e o ajudou a qualquer momento da sua vida - isso está entre você e o livro que você lê, e é sagrado. E na minha opinião ninguém pode tocar nisso".

O nome de J. K. Rowling se tornou um dos mais mais comentados no Twitter do mundo inteiro depois que a escritora defendeu a pesquisadora Maya Forstater, que perdeu o emprego em março após se posicionar contra uma legislação que permitiria que as pessoas trans se identificassem com outros gêneros. Por isso, foi amplamente criticada.