Atriz de Harry Potter defende trans, mas condena 'cancelamento' de Rowling
Evanna Lynch, a intérprete de Luna Lovegood na franquia "Harry Potter", se pronunciou ontem sobre as críticas à criadora da saga, J.K. Rowling. A autora foi "cancelada" no Twitter após postar uma série de mensagens consideradas ofensivas a pessoas transgênero.
Em uma longa resposta, Lynch defendeu os membros da comunidade LGBTQ+, dizendo que "se recusa a ajudar na marginalização de homens e mulheres trans" e afirmando que "mulheres trans são mulheres". No entanto, saiu também em defesa de Rowling, dizendo que ela não deve ser "reduzida a seus tuítes".
"Como amiga e admiradora de Jo [apelido da escritora], eu não consigo esquecer o quão generosa e amorosa ela é. Eu fico triste em ver fãs a reduzindo aos seus tuítes e esquecendo o seu trabalho filantrópico e sua determinação de ajudar a humanidade", escreveu.
"Eu discordo quando ela diz que mulheres cis são as mais vulneráveis nesta situação, e acho que ela está do lado errado deste debate. Mas isso não significa que ela perdeu completamente a sua humanidade", defendeu ainda.
Cultura do cancelamento
Lynch ainda argumentou que o Twitter não é um bom lugar para ter discussões aprofundadas, e definiu a "cultura do cancelamento" como "uma forma nada realista, rasa e dolorosa de abordar os problemas da humanidade".
"Pessoalmente, eu não acho que o Twitter é uma boa plataforma para esse tipo de coisa. Nós deveríamos estar lendo artigos, ouvindo podcasts e tendo conversas longas uns com os outros. Eu acho irresponsável discutir algo assim através de pensamentos fragmentados no Twitter, e eu preferiria que Jo não tivesse feito isso", escreveu.
"Eu entendo que as visões que ela expressou machucam muita gente. Entendo que, como uma mulher cisgênero, eu não consigo entender completamente esta dor em específico, e que para mim é fácil pedir para todos serem gentis", admitiu.
"Eu acho que cada um precisa ter seus limites: bloqueiem as pessoas e sigam em frente. Concentrem suas energias em seus entes queridos e seu trabalho. Mas eu também acho que as vítimas da opressão podem se curar melhor sem carregar a energia dos opressores adiante, praticando bullying com aqueles que discordam delas", comentou ainda.
Rowling
A série de tuítes postada por Rowling na noite do último dia 6 de junho começou com uma "brincadeira" sobre um artigo do site Devex que mostrava como o novo coronavírus afeta desproporcionalmente "pessoas que menstruam". Rowling ironizou que já havia um termo mais simples para pessoas que menstruam: mulheres.
Os seguidores da autora logo apontaram, no entanto, que homens trans também menstruam, e que mulheres trans não menstruam — e nem por isso não são mulheres. Rowling continuou tuitando sobre o assunto depois.
"Respeito o direito de toda pessoa trans de viver da maneira que lhe parecer autêntica e confortável. Eu marcharia com você se fosse discriminado por ser trans. Ao mesmo tempo, minha vida foi moldada por ser mulher. Não acredito que seja odioso dizer isso", escreveu.
Ela explicou ainda que é "empática com pessoas trans há décadas" e que pensar que ela odeia pessoas trans porque considera questões de gênero "é absurdo".
Reação do elenco
Além de Lynch, outros membros do elenco de "Harry Potter" responderam à polêmica envolvendo a autora.
Daniel Radcliffe, que viveu o protagonista, assinou um artigo em que diz que "mulheres trans são mulheres" e que "qualquer declaração do contrário apaga a identidade e a dignidade das pessoas trans e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde que têm muito mais experiência nesse assunto do que Jo ou eu".
Katie Leung, a Cho Chang do elenco da saga, fez um post no Twitter em que fingiu que ia opinar sobre o assunto, mas ao invés disso apenas postou links para várias iniciativas e ONGs que ajudam mulheres trans negras pelos EUA e pelo mundo.
Por fim, o ator Chris Rankin, o Percy de "Harry Potter", opinou: "Meus amigos trans lindos, corajosos e fortes: nós amamos vocês. Nunca é o bastante dizer isso. Vocês são maravilhosos, e merecem ser tratados como tal. Saibam disso. Orgulhem-se de quem são. Nós temos orgulho de vocês".
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