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ONG: Arábia Saudita fez 'exame anal' em blogueiro preso por defender LGBTs

O blogueiro iemenita Mohamad al-Bokari, que foi preso na Arábia Saudita - Reprodução/Twitter
O blogueiro iemenita Mohamad al-Bokari, que foi preso na Arábia Saudita Imagem: Reprodução/Twitter

De Universa, em São Paulo

10/06/2020 08h16

A ONG Human Rights Watch, que denuncia violações de direitos humanos pelo mundo, acusou as autoridades da Arábia Saudita de prenderem e torturarem o blogueiro iemenita Mohamad al-Bokari. A prisão teria ocorrido em abril, após o blogueiro postar um vídeo em que defendia direitos LGBTQ+.

Na gravação em que respondia perguntas dos seguidores, ele recebeu uma questão sobre homofobia. "Eu acredito que todos têm direitos básicos, e devem ser livres para exercê-los. Inclusive as pessoas gays", respondeu.

Uma fonte da ONG que está em contato com al-Bokari afirmou que ele foi agredido pelos policiais quando foi preso. Enquanto o chutavam e estapeavam, os oficiais diziam para ele "confessar logo que era gay".

Durante os últimos dois meses, outras sessões de espancamento aconteceram na cela onde o blogueiro é mantido. Além disso, os oficiais o submeteram a um exame anal que supostamente provaria que ele se envolveu com práticas homossexuais.

O porta-voz da polícia de Riad, na Arábia Saudita, confirmou apenas a prisão de al-Bokari à Human Rights Watch. Segundo ele, o vídeo do blogueiro continha "referências sexuais que violavam a ordem e a moral pública".

História

Segundo documentos revisados pela ONG, al-Bokari fugiu do seu país natal, o Iêmen, em junho de 2019. Por lá, grupos armados ameaçaram matá-lo por sua defesa pública de grupos LGBTQ+ e sua expressão de gênero andrógina.

Ele caminhou da cidade de Sanaa até Riad, em jornada que durou 15 dias, e tem vivido na capital saudita como imigrante ilegal. Os grupos armados que o ameaçavam no Iêmen continuaram em contato com o blogueiro pelas mídias sociais.

Embora o país não tenha leis específicas contra a homossexualidade, juízes na Arábia Saudita frequentemente usam valores religiosos ou leis vagas do estatuto contra crimes virtuais para condenar pessoas LGBTQ+ que se expressam livremente.