Modelo doa 50% de lucros do ano ao Black Lives Matter: 'Há racismo na moda'
Joan Smalls mandou uma mensagem para a indústria da moda: palavras não são o bastante quando se trata de lutar contra o racismo.
No Instagram, a modelo porto-riquenha anunciou que vai doar 50% de seus lucros pelo restante de 2020 ao Black Lives Matter, movimento que tem liderado protestos antirracistas nos EUA desde a morte do segurança negro George Floyd sob custódia policial.
Racismo na moda
Em uma longa declaração em vídeo, Joan disse que se sentiu desapontada ao ver que poucas personalidades e marcas do mundo da moda estavam tomando ações concretas na luta antirracista.
"É frustrante ver que a indústria da qual você faz parte não está ao seu lado", comentou. "Este é um momento em que o mundo da moda deveria se unir como uma comunidade, e nos apoiar. No entanto, nada do que falamos é ouvido".
Sobre sua própria experiência na indústria, ela disse que sofreu muita discriminação no começo da carreira. "Eu tive que trabalhar muito mais do que minhas colegas [brancas] para provar que eu merecia uma capa de revista, ou mesmo aparecer sozinha em um editorial", contou.
"Eu já ouvi incontáveis vezes de marcas e revistas que eu era ótima, mas que eles 'não estavam prontos para ir nessa direção'. O que eles queriam dizer era que eles não estavam prontos para fotografar uma garota negra. Eu recebia e-mails de empresas dizendo: 'Não precisamos de mais garotas negras, essa posição já está preenchida'", disse ainda.
Mudanças
Joan admitiu que mudanças positivas ocorreram recentemente em termos de inclusão de modelos negras em desfiles e revistas, mas frisou que ainda há muito para se fazer.
"Transformações reais ocorrem quando existem mais pessoas no ambiente de trabalho que se parecem comigo. Eu não consigo contar quantas vezes fui a única pessoa negra na sala. Se há outra, é sempre a assistente de alguém. Nunca estamos em posições de poder", refletiu.
"A moda precisa se abrir de vez e esquecer as hierarquias existentes, baseadas em quem conhece quem. Toda a política de trabalhar nesta indústria precisa ser jogada fora, porque ela não está funcionando. Não podemos voltar ao modelo de como era antes, porque não era um modelo justo", concluiu.
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