Mulheres de 60, 70 e 80 anos contam como ter uma sexualidade feliz
A desenvoltura com que a empresária paulistana Helena Schargel, 80, fotografa como modelo de sua marca de lingeries para a terceira idade é a mesma com a qual encara as mudanças de seu corpo e de sua sexualidade. "Nunca, nem mesmo hoje com 8.0, me senti ou me sinto encanada com o meu corpinho. À medida que os anos vão passando, nos conhecemos melhor e, com certeza, a vida sexual melhora", afirma.
Há dois anos, quando lançou, em parceria com Recco Lingerie, sua marca de lingeries para a terceira idade, Helena encontrou um novo propósito, em nome do qual desfilou de calcinha e sutiã no palco do TEDx Talks durante sua palestra sobre o tema. "Eu precisava chocar para poder tirar as mulheres mais velhas da invisibilidade. Esse é o meu objetivo".
O propósito de Helena está em sintonia com a chamada nova onda do feminismo, movimento de empoderamento do corpo e da sexualidade protagonizado pelas novas gerações. "Essa nova revolução sexual é providencial também para as mulheres mais velhas rediscutirem seu papel na sociedade, o que inclui a sexualidade", afirma a psicóloga Isabella Quadros, especialista em Gerontologia Social (PUC/SP).
Prazer sem data de validade
Isabella diz que, com as diversas alternativas existentes atualmente para lidar com as consequências da redução dos hormônios femininos após a menopausa, não há limite de idade para a atividade sexual. "Esta é muito mais uma questão cultural de interdição do desejo sexual e afetivo das pessoas idosas do que limitações fisiológicas. Cabe a nós, independentemente da idade, nos libertarmos para nos apropriar do nosso próprio desejo, com ou sem parceiro", conclui.
A decoradora Adriana Dias, 69, de São Paulo, é adepta dessa filosofia. Ela diz que sua vida sexual só melhorou com o tempo. "Agora eu sei o me dá ou não prazer, e aprendi a selecionar meus parceiros. E se não tenho companheiro, vou tranquilamente para a masturbação, que eu chamo de autosserviço". Como não curte relações casuais e atualmente está solteira, ela diz que tem recorrido com frequência à prática. "Costumo me masturbar várias vezes, em horários diferentes. Para me excitar, vejo filmes pornôs na internet, ou faço apenas tentando me imaginar em alguma situação gostosa com um parceiro", afirma. Mas levou um tempo para que Adriana conquistasse toda essa autoconfiança. Ela conta que já sofreu devido às transformações do corpo com o passar dos anos, e que isso atrapalhava sua libido.
Transformação x aceitação
É fato que o corpo muda com a idade e que essas mudanças trazem consequências físicas que podem atrapalhar a vida sexual da mulher. "A falta de estrogênio pode levar a um humor depressivo, que além das próprias alterações de sono e cansaço, pode causar certo desânimo para transar", explica a ginecologista Juliany Nascimento Silva, dona do perfil do Instagram "Ginecologista Sincera". Por esse motivo, é importante frequentar o ginecologista anualmente. Gel vaginal, exercícios de períneo (em alguns casos a orientação pode ser cirúrgica) ou reposição hormonal são auxílios de extrema importância para a longevidade da prática e bem estar sexual.
Além das questões físicas, as mulheres precisam lidar com o que Isabella considera os dois maiores desafios: o preconceito de que o sexo não é apropriado para os mais velhos, e a crença de que o corpo idoso não pode ser desejado, admirado. A tradutora Solange Nogueira Barbosa, 61, de Florianópolis conta que sofreu com muitas encanações até conseguir se aceitar. "Não é fácil nos livrarmos dos estereótipos, mas insisto em dizer que a cabeça rege o corpo. Se você não consegue sozinha, procure ajuda", aconselha. Foi essa atitude que permitiu que agora diga que está vivendo o que considera sua melhor fase sexual. "Aos 20 é muito entusiasmo, muita loucura. Aos 30 a gente quer mostrar que é poderosa, mas nem sempre nos sentimos assim. Aos 40 vem o início ou termino de tudo o que plantamos. E, finalmente, aos 50, 60 é uma delícia, pois o mais importante nesse momento é você", conclui.
Para a escritora Isabel Dias a libertação veio depois de um casamento problemático. Com quase 60, ela terminou um relacionamento de 32 anos após descobrir várias traições e resolveu se entregar ao sexo, suas aventuras viraram um livro "32 - Um Homem Para Cada Ano Que Passei Com Você" no qual conta sua jornada de redescoberta do sexo, já na maturidade. "Eu com mais de 60 ainda quero transar, ainda tenho fogo? Sim. Ninguém veio com data de validade."
Nota de Universa: Esse vídeo contém cenas de sexo e nudez.
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