Mãe não julga: parto normal ou cesárea? Elas relatam experiências distintas
Ao longo de uma gravidez, uma das decisões mais importantes é como será o parto. A escolha está totalmente nas mãos das mães, quando não há risco à saúde e de acordo com as condições financeiras. É importante saber que tanto um parto normal quanto uma cesárea podem ser ser feitos de forma humanizada e respeitando as vontades da paciente.
"Mãe não julga" é uma nova seção de Universa, criada para compartilhar histórias de mulheres que optaram por caminhos muito diferentes em determinados aspectos da maternidade. Para mostrar que na maternidade não há regras, há caminhos. Nesta semana, conversamos com duas mães sobre o momento do nascimento de seus filhos.
Hoje temos a história de Natália Sálvia que fez questão de ter três partos normais e de Érika Sant'Anna, que sempre soube que queria uma cesárea. Como os seus filhos nasceram? Conte nos comentários.
"Minha mãe fez cesárea e teve uma recuperação difícil. Isso me guiou para a decisão de parto normal"
"Minhas três filhas nasceram de parto normal. A primeira foi no hospital, a segunda no carro e a terceira em casa. Minha mãe fez cesárea da minha irmã mais nova, hoje com 12 anos, e eu acompanhei todo o processo de recuperação dela, que não foi fácil. Ela teve muitos problemas com os pontos da cirurgia e ficou um bom tempo sentindo dor. Isso me guiou para a decisão de parto normal.
Minha primeira filha, Pietra, de 6 anos, nasceu com obstetra plantonista da maternidade, que era o que meu plano de saúde cobria. Ter parto normal no esquema de plantão não é tão fácil. Quando comecei a sentir as contrações, fui ao hospital e precisei ir e voltar várias vezes para conferir a dilatação. Fiquei o fim de semana todo indo e voltando. Tive o parto normal com quase 42 semanas e com violência obstétrica, mas só agora tenho noção disso, pois foi feita episiotomia (corte feito na região do períneo para ampliar o canal de parto) sem eu saber.
Com a Maya, hoje com 3 anos, me preparei melhor. Chamei uma doula para me acompanhar e isso fez toda diferença. Havia um hospital 45 minutos da minha casa, em Florianópolis, onde eu poderia fazer o parto natural sem anestesia, do jeito que eu queria. No dia do nascimento, comecei a sentir contrações, as dores ficaram intensas de maneira muito rápida, nem me lembro muito dos detalhes. Só sei que me colocaram no carro em direção ao hospital. Estávamos eu, meu marido e minha filha mais velha. Comecei a gritar. Meu marido encostou o carro para me ajudar, quando viu que a cabeça da bebê estava começando a aparecer. Fiz força duas vezes e a Maya nasceu ali mesmo. A sorte é que estávamos perto de um hospital, tivemos ajuda, uma ambulância veio me pegar.
Depois dessa experiência, decidi que teria o parto em casa. Durante a terceira gestação, tive o acompanhamento de duas enfermeiras obstétricas e recebi todas as informações para o parto domiciliar. Tive a Hanna, hoje com 3 meses, na sala de casa, em uma piscina, acompanhada da minha família e da minha irmã mais nova. Minha filha nasceu, veio para meu colo, foi acolhida por todos. Tomei banho no meu chuveiro, descansei na minha cama. A placenta saiu sozinha. Tudo do jeito que eu queria."
Natália Sálvia, 29 anos, contadora, Balneário Camboriú (SC)
"Sou apavorada com dor e nunca tive dúvida de que faria uma cesárea. Meu médico respeitou minha decisão"
"Quando engravidei da minha filha Mariah, de 7 anos, falei logo para o meu médico que queria cesárea, ele respeitou minha decisão. Sou apavorada com dor. Fazer parto normal nunca passou pela minha cabeça. Eu não gosto de hospital, de agulha, nem de fazer exame de sangue.
Ficar em uma uma sala durante dez, doze horas de trabalho do parto não é para mim. Admiro as mulheres que fazem isso, considero guerreiras, mas para mim é impossível. Tive medo até da anestesia. Eu já tinha ouvido relatos de mulheres que entram no centro cirúrgico e ficam esperando preparar a anestesia. Pedi para conversar com o anestesista e reforcei que queria que tudo fosse o mais ágil possível.
Um dia antes do meu parto, fui ao consultório e meu médico falou para marcar para o dia seguinte - eu estava com 39 semanas mas meu líquido amniótico estava muito baixo. Voltei pra casa, dei uma boa descansada, dormi bem à noite, acordei com calma.
No dia do nascimento da Mariah, acordei, tomei café com calma. Quando cheguei ao hospital, assinei uma papelada e fui para o quarto. Ao me levarem ao centro cirúrgico, já estava tudo pronto. Pedi para o médico colocar música, ouvimos Beatles enquanto minha filha nascia. Ela veio para meu colo assim que saiu de mim, chorei, beijei, fiquei super emocionada. Depois, virei para o médico: "Já fez os pontos, posso ir para o quarto?" Todo mundo riu e eu falei que teria a vida toda para curtir minha filha. Queria sair logo do centro cirúrgico.
Minha recuperação foi ótima, quase não senti dor e consegui andar sem problema. Foi a melhor escolha que fiz pois é o que mais tinha a ver comigo. Uma amiga próxima, que foi mãe na mesma época, tentou me convencer durante toda gestação sobre ter parto normal. No fim, ela não conseguiu e ficou super frustrada. Tive mais certeza ainda. Minha experiência não poderia ter sido mais calma e do jeito que eu esperei."
Érika Sant'Anna, 44 anos, consultora de moda, São Paulo (SP)
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