Ativista torturada no Egito por segurar bandeira LGBTQ+ comete suicídio
Sarah Hegazi foi presa e torturada em 2017 por levantar uma bandeira do orgulho LGBTQ+ durante um show no Egito. No último final de semana, ela cometeu suicídio no Canadá — onde buscou exílio por medo de ser presa novamente em seu país natal.
Sua morte foi recebida nas redes sociais com solidariedade e também ódio. Os amigos e familiares da programadora de 30 anos de idade divulgaram sua carta de suicídio e compartilharam a notícia com raiva e luto.
Ao mesmo tempo, conservadores egípcios respondem às postagens com mensagens homofóbicas. As reações espelham a discriminação que ela sofre desde que se tornou um símbolo da luta contra a violência sofrida pela população LGBTQ+ no mundo todo.
Em 2018, Sarah escreveu um artigo para o site Mada Masr relembrando sua prisão e as torturas de choque que sofreu — agora, o texto foi traduzido para o inglês:
"As perguntas do meu interrogador eram ignorantes — ele me perguntou se o comunismo era igual à homossexualidade. Ele me perguntou, de forma sarcástica, o que impedia homossexuais de fazerem sexo com crianças e animais", ela recordou.
No artigo, a ativista também explicou que nunca conseguiu curar o trauma da prisão. Em um ano, ela tentou suicídio duas vezes, e desenvolveu ansiedade severa: "Essa violência foi perpetuada pelo Estado, com a bênção de uma sociedade 'intrinsecamente religiosa'."
Neste ano, o Egito informou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que "se compromete a proteger os direitos humanos e garantir direitos e oportunidades iguais a todos os cidadãos sem discriminação", e que já investigou "profundamente" todos os casos "isolados" de tortura.
No entanto, as autoridades do país descumpriram a promessa na semana passada, ao condenarem duas mulheres pelo crime de "violarem princípios e valores familiares" ao postarem vídeos dançando e dublando músicas juntas no TikTok.
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