Como Luana e Scooby: o que pais separados podem fazer quando discordam?
Desde a última sexta-feira (19), Pedro Scooby e a ex-mulher, Luana Piovani, apareceram em diferentes sites de notícia por discordarem na educação dos filhos, Dom, de 8 anos e os gêmeos Ben e Liz, de 4.
O surfista postou em seu canal no YouTube o vídeo "Vencendo o Medo - Ep. 12", no qual leva os filhos para um parque com camas elásticas e outros tipos de brinquedos. Durante o episódio, gravado antes da quarentena, ele mostra o processo de aprendizagem do filho mais velho, Dom, que na época tinha 7 anos, a dar um mortal para trás.
Logo no início da filmagem disponível no YouTube, pai e filho se desentendem. Dom chora e diz: "Você sempre fala que eu vou me machucar, então eu fico com medo". Pedro pede que ele pare de gritar, respire fundo e e se acalme:
Em seguida são mostradas diversas tentativas do menino para acertar a manobra, incentivado pelo pai, que não para de lhe dar instruções. Após muitas frustrações, Dom declara que não consegue e pergunta se pode "brincar normal". O pai diz que sim, mas reforça que ele está sendo dominado pelo medo.
"A única coisa que você fala de mim é que eu estou com medo", diz o garoto, irritado. Então o Scooby relembra um acidente que sofreu no mar, em novembro do ano passado. "O papai foi lá, pegou a onda gigante, quase morreu. Se eu falar que estou com medo, vou deixar me dominar. O ruim é você sair daqui assim, desse jeito que você está, igual a um perdedor". Ao final, Dom consegue melhorar a aterrissagem e o pai comemora.
Nas redes sociais, Luana respondeu seguidores que questionaram a maneira como a criança foi tratada vídeo. "Essa é uma das grandes divergências que temos e eu me nego a assistir, preciso conseguir conviver em paz com ele. Se o que ele fez foi grave o MP virá nos procurar", disse, referindo-se ao Ministério Público.
Como lidar com as diferenças na educação
Tirando a questão legal, o ideal é que ex-casais, mesmo separados, entrem em acordos e estejam alinhados no que desejam para a criação de seus filhos. Mas, de acordo com a psicóloga Trianda Portal, é comum discordem. "São relações humanas, que podem inclusive ser permeadas por mágoa, rejeição ou raiva do passado", explica. Além disso, cada pessoa vem de uma família e por isso pode ter hábitos e visões de mundo diferentes. O desafio, portanto, está em conciliar as diferenças e chegar a um denominador comum em prol da criança.
Ponto de partida
Na opinião da profissional, para que isso aconteça, é fundamental que ambas as partes coloquem como prioridade o bem-estar do filho. "O ideal seria que, antes de tomar qualquer decisão, os pais se perguntassem sempre: 'Ele está feliz? Está satisfeito? A decisão que tomamos vai ajudar no seu desenvolvimento?' e resolvessem os conflitos entre si partindo desse princípio".
Quando se trata de uma divergência mais séria, por exemplo, envolvendo a imagem da criança, as Justiça pode ser acionada, uma vez que o Estatuto da Criança e Adolescente garante o direito à preservação da imagem e identidade infantil. Ainda assim, é importante haver diálogo entre as partes para procurar chegar a um consenso.
Avaliar o contexto
Para as decisões sobre a rotina, também é necessário fazer uma análise da situação com um todo. Faz parte desse processo, por exemplo, buscar entender as fases que cada criança está vivendo. "Um bebê de dois ou três anos pode sentir uma necessidade maior de ficar próximo da mãe. Isso não quer dizer que ela não goste mais do pai ou que a relação entre eles esteja estremecida". Quando estiver mais velha, esta mesma criança pode desejar mais a companhia masculina, por diferentes razões. As necessidades específicas das crianças devem ser sempre levadas em conta.
Ter cuidado com as palavras
É importante ter em mente que crianças ainda estão construindo a ideia de culpa, tristeza, medo, saudade. Por isso o ideal é sempre ter uma atenção redobrada na forma como se comunica com elas. "Uma frase como 'Eu nunca mais quero ver o fulano na minha frente' pode ser apenas uma forma de expressão para um adulto, mas deixar profundamente assustada uma criança, porque elas não têm conhecimento de que no futuro tudo pode se resolver". Brigas podem gerar nelas ansiedades e desesperos maiores do que nas pessoas mais velhas.
* Com informações da matéria "Como Adele e o ex-marido: dicas para uma guarda compartilhada saudável", publicada em maio de 2020 e "Exposição de filhos nas redes sociais gera atritos entre pais separados", publicada em novembro de 2015.
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