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Tinder libera mais opções de gênero e orientação sexual para usuários

Atualmente as únicas alternativas disponíveis para gênero são homem e mulher - Divulgação
Atualmente as únicas alternativas disponíveis para gênero são homem e mulher Imagem: Divulgação

Julia Flores

24/06/2020 11h38

A partir de julho os usuários do Tinder no Brasil poderão escolher mais opções nos campos de gênero e orientação sexual do aplicativo. Atualmente as únicas alternativas disponíveis para gênero são homem e mulher. Com a atualização, os usuários terão 26 opções - e poderão escolher não exibir essa informação no perfil.

Quanto à orientação sexual, agora o aplicativo também permitirá que os usuários escolham entre três das seguintes opções: heterossexual, gay, lésbica, bissexual, assexual, demissexual, pansexual, queer e curiose. As atualizações também farão com que pessoas que têm a mesma orientação apareçam primeiro na hora dos matches.

As mudanças foram feitas em parceria com a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Outros aplicativos de encontro, como o Feeld e o Grindr, já permitiam essas funções.

Em levantamento realizado pela YouGov (um grupo internacional de pesquisa) com jovens de 18 e 25 anos de idade, a maioria dos participantes disse que aplicativos ajudam a conhecer pessoas mais diversificadas, com diferentes histórias de vida e "fora da bolha".

O Tinder promete que as novas funcionalidades também comecem a valer na França, Alemanha, Espanha, Itália, Suécia, Taiwan, Vietnã e Tailândia.

Diferença entre gênero e orientação sexual

Você sabe a diferença entre os dois? Orientação sexual é o que diz respeito à atração, se a pessoa se sente atraída fisicamente ou emocionalmente por pessoas do mesmo sexo (homossexual), por pessoas do sexo oposto (hétero), por ambos (bissexual), por qualquer gênero ou orientação sexual (pansexual), entre outros.

Já gênero é como a pessoa se identifica na sociedade, não tendo a ver com atração sexual. Cis são aqueles indivíduos que se identificam com o gênero do nascimento e transgêneros são os que adotam uma opção distinta. Durante muito tempo a OMS tratou a transsexualidade como transtorno psiquiátrico, o que só mudou em 2012.

Para Diego Oliveira, secretário da Associação da Parada do Orgulho LGBT, as mudanças no Tinder "são uma forma de informar e educar as pessoas, mostrando que a comunidade LGBT+ existe e resiste''. Além disso, as novas opções, diz ele, ''democratizam o acesso ao aplicativo, respeitando as singularidades das pessoas".

"Nunca consegui um date no Tinder"

Larissa Wichinesk, 40, é usuária do aplicativo de paquera há dois anos e conta que já foi alvo de vários ataques transfóbicos.

Apesar do aplicativo não fornecer a opção no campo de gênero, ela deixa clara a informação na descrição do seu perfil - mas tem quem não leia.

"Quando rola um match e a conversa está interessante, eu já pergunto se a pessoa leu minha descrição. Muitas vezes essa é a última vez que consigo falar com a pessoa: ou ela some e me bloqueia ou me denuncia", diz.

Ainda que nunca tenha conseguido sair com alguém do Tinder, Larissa conta que não desiste porque acha importante "ocupar" o aplicativo. Ela já apagou e reinstalou o app diversas vezes. "A transfobia machuca e às vezes eu me recolho de aplicativos e das redes sociais, mas sempre acabo voltando por resistência mesmo, pra ocupar o lugar e mostrar que existo como sou - e não sou a única".