Maternidade cobra R$1.800 de mães que levam mais de 6h no centro obstétrico
Em fevereiro, a orçamentista Luciana Ferreira Silva, 32, deu entrada na maternidade Sepaco, na zona sul de São Paulo, para ter seu primeiro filho. Tudo ocorreu como previsto no parto humanizado que ela escolheu. A surpresa veio quatro meses depois: na última semana, chegou à sua casa uma cobrança do hospital no valor de R$ 1.800, de uma taxa pré-parto. O motivo: ela levou mais de seis horas no centro obstétrico da unidade. Luciana chegou por volta de 1h e teve o bebê às 10h.
Segundo relatos de mães aos quais Universa teve acesso, desde o início do ano, o Sepaco apresenta a algumas mulheres que dão entrada no hospital para terem bebê um termo prévio, apontando os valores dos procedimentos a serem feitos ali, incluindo a taxa extra de R$ 1.800.
Em nota, o Hospital Sepaco informa que quando a equipe ou a gestante preferem utilizar as salas de pré-parto, parto e pós parto (PPP) antes do momento necessário, ou seja, com a dilatação próxima a necessária para o parto expulsivo, o tempo de permanência nesses espaços se alonga demais, impedindo a sua utilização por outras gestantes que efetivamente precisariam estar ali, gerando custos que, em muitos casos não são cobertos pelo plano de saúde.
A unidade garante ainda que quando as gestantes permanecem em qualquer outra acomodação durante a fase inicial do trabalho de parto, nenhuma cobrança adicional é realizada e todos os recursos são disponibilizados para estimular o parto normal. E diz que as informações são explicadas previamente, "garantindo a clareza sobre cada detalhe da internação". A nota frisa ainda que muitas operadoras de saúde cobrem tais custos.
Luciana afirma que não foi informada da cobrança. E não entende o porquê da atitude, uma vez que seu convênio médico cobria o uso da maternidade e que chegou com uma equipe particular para realizar seu parto. Ela relata que está contestando o valor junto à maternidade, e ainda tentando entrar em contato com seu plano de saúde, e ainda não fez o pagamento.
"Nunca me explicaram sobre essa taxa. Quando dei entrada no hospital, apresentaram um termo de responsabilidade, e ali dizia que, caso o convênio se recusasse a pagar alguma despesa fora do planejado, que eu assumiria a responsabilidade do pagamento, mas meu marido não assinou", ela diz.
"Eu tinha minha equipe particular, e nem utilizei um médico da maternidade. E me cobraram pela utilização do espaço, algo que não faz sentido, já que meu plano cobre toda cobertura hospitalar".
Segundo defensores do parto humanizado, a cobrança da taxa serviria para desestimular partos normais, que podem durar muitas horas e ocupar salas do centro obstétrico com a mesma gestante durante longos períodos. A cobrança, dizem esses defensores, poderia fazer mais gestantes optarem pela cesárea agendada.
Ana, gestante que falou com Universa sob condição de anonimato, desistiu de ter seu primeiro filho na unidade. Ela ligou para a maternidade nesta quarta (1º) assim que soube da cobrança. Seu parto, que ela deseja que seja natural, está previsto para dentro de um mês:
"O financeiro me confirmou a cobrança da taxa, mas não explicou o porquê. E ainda disse que tem convênios que já estão cobrindo esse serviço, mas liguei para o meu plano de saúde, que informou desconhecer a informação".
Universa procurou algumas maternidades privadas em São Paulo para saber se a prática é comum. A assessoria de imprensa do Hospital Israelita Albert Einstein informou que o custo de um parto normal ou de uma cesárea é tratado como um pacote por evento, não havendo, portanto, a cobrança de taxa pré-parto. Em nota, o Grupo Santa Joana, que contempla as maternidades Pro Matre, Santa Joana e Santa Maria segue a mesma linha e informa que não cobra nenhum valor adicional por horas em pré ou trabalho de parto.
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