Vereador é acusado de espancar a própria filha na Bahia: 'ele é um monstro'
A Polícia Civil da Bahia abriu um inquérito para investigar denúncia feita por uma universitária de 18 anos que relata ter sido espancada pelo próprio pai, que é presidente da Câmara de Vereadores de Campo Formoso, cidade a cerca de 400 quilômetros de Salvador. Segundo a vítima, as agressões teriam ocorrido no domingo (12), na casa de familiares, localizada em um povoado do município.
Em entrevista a Universa, Rafaella de Carvalho Pereira confirmou que registrou ontem um boletim de ocorrência contra José Carvalho Pereira, conhecido no meio político como "Zé Lambão" (PSD). O parlamentar responde em liberdade acusação por crime de homicídio em 2016.
Após prestar depoimento na DT (Delegacia Territorial) de Senhor do Bonfim, cidade vizinha a Campo Formoso, a estudante de medicina passou por exames de corpo de delito e pediu à Justiça uma medida protetiva de emergência. Dentre outras restrições, o instrumento da Lei Maria da Penha prevê que o agressor não poderá se aproximar da vítima de violência doméstica — nesse caso, Rafaella.
A reportagem de Universa tentou ouvir o vereador sobre as acusações formalizadas por sua filha, mas não conseguiu localizá-lo até a publicação desta matéria. As ligações não foram atendidas, e as mensagens pelos Instagram não foram respondidas.
Pedido de ajuda em rede social
As agressões das quais Rafaella afirma ter sido vítima foram denunciadas por meio de vídeos e fotos publicados em seu Instagram.
Em uma das postagens, ela relata que tudo começou quando conversava com o pai sobre sua faculdade.
"Não foi nem uma discussão. A gente estava numa roça, com toda a minha família, e ele foi e comentou sobre a faculdade, falou que eu não iria conseguir terminar. Nisso eu fiquei muito chateada, comecei a chorar e pedi para uma amiga me buscar. E aí eu falei com a minha madrasta para me deixar na cidade do lado. Aí ele se estressou porque eu estava chorando, me trancou no quarto e fez isso comigo", disse a universitária, com a voz embargada.
Pelas imagens, é possível ver um inchaço e um coágulo vermelho no olho, além de escoriações no pescoço, braço e mão.
Ainda de acordo com o relato de Rafaella, essa não foi a primeira primeira vez que seu pai a teria agredido. Segundo contou, ele tentou afogá-la em uma piscina, quando ela tinha 14 anos.
Agressão a ex-mulher e prisão por morte de homem
Rafaella revela que sua mãe, hoje separada de Pereira, também já foi vítima de violência. "Na verdade, eu esperava [ser agredida]. Eu vivi 18 anos vendo ele fazendo isso com a minha mãe a vida inteira, porque ele é um monstro, ele é um lixo. Hoje [domingo] aconteceu comigo por conta de uma discussão", desabafou ela.
Diferentemente da mãe, Rafaella resolveu denunciá-lo. "Ele fez isso a vida inteira com minha mãe, e eu decidi não me calar: não deixar ele fazer o que fez comigo e fez com outras pessoas", acrescentou.
Ela diz que em 2016 o pai foi preso suspeito de matar um homem que havia cobrado uma promessa de campanha dele. Um mês depois, Pereira acabou sendo solto e, desde então, responde ao processo em liberdade.
"Ele é um assassino", acusa Rafaella.
A universitária relata que, mesmo depois de tornar o caso público, o pai mandou mensagens para intimidá-la. "Ele acha que pode sair impune porque tem dinheiro. Ele não tem como contar a versão dele, porque ele não tem o que falar."
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