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Viola Davis: 'Ninguém diz a uma garota de pele escura que ela é bonita'

3.mar.2020 - A atriz norte-americana Viola Davis durante lançamento de linha de cosméticos da L"Oréal Paris, na Califórnia (EUA) - Getty Images for L"Oréal Paris
3.mar.2020 - A atriz norte-americana Viola Davis durante lançamento de linha de cosméticos da L'Oréal Paris, na Califórnia (EUA) Imagem: Getty Images for L'Oréal Paris

De Universa, em São Paulo

14/07/2020 14h32

A atriz norte-americana Viola Davis credita a família, mais especificamente as irmãs e a mãe, a oportunidade de se ver como alguém que valia a pena e que não precisava existir dentro de um "buraco", como afirma em entrevista a capa da Vanity Fair.

"Quando eu era mais jovem, não exercia minha voz porque não me sentia digna de ter uma voz", ela diz. "Elas [as irmãs Deloris, Diane e Anita, e a mãe, Mae Alice] olharam para mim e me disseram que eu era bonita".

"Quem diz a uma garota de pele escura que ela é bonita? Ninguém fala isso. A voz da mulher negra de pele mais escura é tão mergulhada na escravidão e na nossa história. Se chegássemos a nos manifestar, isso nos custaria a vida", ela argumenta.

Quinta de seis filhos, Davis vem de uma família pobre em Central Falls, Rhode Island (EUA). Teve um pai alcoólatra e às vezes violento. De acordo com a Vanity Fair, a Viola jovem sempre esteve envolvida em problemas na escola, com fome e sem tomar banho.

Sua família não tinha dinheiro para lavanderia e sabão, muito menos café da manhã e jantar. Ela fez xixi na cama até os 14 anos de idade e às vezes ia para a escola fedendo a urina.

"Em algum lugar da minha memória celular, ainda havia esse sentimento — de que eu não tenho o direito de falar sobre como estou sendo tratada, de que alguma forma eu mereço isso. Não encontrei meu valor sozinha."

Capa é assinada por fotógrafo negro pela primeira vez

A atriz Viola Davis está na capa da edição de julho/agosto da Vanity Fair. Pela primeira, um fotógrafo negro assina a composição, diz o site Huffington Post.

O fotógrafo Dario Calmese teve como objetivo "transmutar o olhar branco sobre o sofrimento negro no olhar negro de graça, elegância e beleza".

A ideia era imaginar Davis "associada a empoderamento, transformação e mudança, e também à deusa grega Atena, que representa justiça, triunfo e sabedoria", afirmou Calmese.

"Essa imagem resgata essa narrativa, transmutando o olhar branco sobre o sofrimento negro no olhar negro de graça, elegância e beleza", disse ele.