Após declarar que é transexual, pastora foi demitida de igreja no Canadá
A reverenda Junia Joplin, que chefiava uma congregação da Igreja Batista no Canadá, foi demitida depois de revelar aos fiéis que é uma mulher transexual durante um sermão. Até então, ela se apresentava na igreja como homem cisgênero, apesar de se reconhecer como mulher há dois anos. A congregação já havia afastado Joplin de suas funções e, depois de um mês de reuniões internas, decidiu desligá-la do cargo.
Na segunda-feira (20), uma votação foi realizada para decidir se ela continuaria ou não à frente da igreja. Depois de um mês de discussões, foram 58 votos a favor da demissão e 53 contra a manutenção de Joplin no cargo. "A igreja enfrentou uma jornada no último mês atravessando o processo de tentar discernir a vontade de Deus", disse a congregação. "Ficou determinado, por razões teológicas, que não é da vontade de Deus que June continue sendo nosso pastora", informou.
Ao The New York Times, Joplin afirmou que se apresentou como homem para sua igreja durante os seus anos em que foi pastora por lá.
Apesar de flertar com elementos tradicionalmente consagrados como femininos há um bom tempo, foi somente há dois anos que ela começou a aparecer publicamente como mulher. Ainda que fosse "uma vez ou duas", como ela disse. Quando ia à igreja, ela prendia seu longo cabelo em um coque apertado.
"Até 14 de junho, eu era percebida como um homem", contou. "Eu me apresentava como um homem, sendo chamado pelo meu — já morto — nome de batismo. Essa era eu me apresentando o mais masculina que eu podia", relatou.
Sermão emocionado
Junia Joplin, que já havia pregado várias outras vezes sobre abraçar as diferenças, revelou à sua igreja sua identidade de gênero em um sermão de 20 minutos feito de forma online, em função da pandemia.
"Eu quero que vocês me ouçam quando digo que eu não sou apenas um pastor: eu sou uma mulher. Meu nome é Junia, vocês podem me chamar de June. Eu sou uma mulher transexual e meus pronomes são 'ela' e 'dela'", explicou à congregação.
Emocionada, ela seguiu o discurso. "Eu estou dizendo que quero ser a pessoa que Deus me criou para ser. É assustador, mas eu li em algum lugar que o amor espanta o medo", adicionou ela em menção ao evangelho de João, na Bíblia.
Junia seguiu seu sermão e passou a incentivar outras pessoas da comunidade LGBTQ+ a abraçarem quem elas são. "Eu sinto muito pelas vezes que disseram que você é um pecador ou está quebrado. Quer ele seja um fundamentalista de terno e gravata ou o seu colega mais gentil de jeans e tênis na igreja, essas palavras não são verdadeiras", reforçou.
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