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Após áudio machista, PM-CE cria canal para que mulheres denunciem assédio

A tenente-coronel Camila Paiva, que criou com outras militares campanha contra assédio - Reprodução/Instagram
A tenente-coronel Camila Paiva, que criou com outras militares campanha contra assédio Imagem: Reprodução/Instagram

Carlos Madeiro

Colaboração para Universa

31/07/2020 11h47Atualizada em 31/07/2020 11h47

A PM (Polícia Militar) do Ceará criou um canal de comunicação exclusivo para receber denúncias de mulheres militares vítimas de qualquer tipo de assédio ou machismo dentro da corporação.

O canal foi lançado uma semana depois do vazamento de um áudio publicado em um grupo de WhatsApp composto de militares, onde um policial sugere que as mulheres da PM do Ceará servissem para "desestressar" os militares do sexo masculino, ficando meia hora com cada um deles.

A fala causou revolta, e o áudio foi um dos pontos de partida da campanha lançada pela tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Alagoas Camila Paiva para que mulheres militares denunciem casos de assédio ou machismo nas Polícias Militares ou Corpos de Bombeiros pelo país. Camila sofreu ameaças e teve seus dados pessoais divulgados na internet após a ação.

A campanha é batizada de "Somos todas Marias" e usa a hashtag #SomosTodasMarias. A campanha já teve adesão de centenas de militares de todo país, que denunciam casos vividos em seus locais de trabalho.

No Ceará, no primeiro momento, a PM repudiou a fala machista de seu suposto integrante e declarou apoio às mulheres. Ontem, o Comando Geral da Corporação anunciou em suas redes sociais a criação do canal de comunicação para receber denúncias.

"O objetivo é que nossas policiais tenham um canal de comunicação direta para tirar dúvidas e serem atendidas da melhor forma possível nas questões de gênero que, por ventura, possam ocorrer na nossa corporação", afirma o coronel Alexandre Ávila de Vasconcelos, comandante-geral da PM do Ceará.

A tenente-coronel Sandra Helena de Carvalho, coordenadora de Saúde e Assistência Social e Religiosa da PM, lembra que há 26 anos a corporação passou a aceitar o ingresso de mulheres e que agora é preciso avançar na promoção da igualdade e respeito às militares. "Qualquer forma de distorção ou resistência a essa inclusão precisa de um canal de comunicação para ser combatida", diz.

Ela diz que o canal deve ajudar as militares que muitas vezes "têm medo e insegurança" para denunciar comportamentos ou cenas machistas ou de desprestígio às mulheres na corporação.

"Qualquer policial feminina que tenha necessidade de ser acolhida, escutada nas suas necessitadas pode enviar um e-mail. Imediatamente uma policial feminina preparada para essa abordagem irá entrar em contato e acolher essa demanda e tentar direcionar da melhor forma. Mais que um canal de denúncia, é um canal de escuta e acolhimento", explica. O e-mail para denúncias é: eumeimportocontigo@gmail.com.