Jovem recebeu ameaça antes de ser morta pelo ex: "Manda denunciar logo"
Cinco dias antes de desferir facadas contra a ex-namorada Raiane Miranda, de 20 anos, o entregador George de Oliveira, de 26, a ameaçou de morte e desdenhou da possibilidade de ser denunciado à Polícia Civil. É o que mostram as mensagens enviadas pelo suspeito à vítima na semana do assassinato, ocorrido na sexta-feira (31) em via pública em Santana, na região metropolitana de Macapá.
Raiane foi encurralada pelo ex-namorado na frente de casa enquanto chegava do trabalho. Ela havia terminado com George há menos de um mês porque ele não a deixava trabalhar como operadora de caixa, dizem a família e a Polícia Civil.
Segundo a investigação, o suspeito, inconformado com o término, passou a seguir Raiane. Dias antes do crime, o suspeito enviou mensagens de texto para ex-namorada.
"Vai denunciar que eu vou te matar. Pode fazer isso", escreveu George às 20h02 de 26 de julho.
Um dia depois, o entregador manda uma mensagem via WhatsApp para uma parente da vítima.
"Manda ela denunciar logo porque a hora que pegar ela por aí, ela já sabe [sic]". A Polícia Civil não revelou o grau de parentesco da pessoa que recebeu a mensagem para preservar as investigações.
"Ele queria manipular a vida dela, começando a ameaçá-la. Comprovamos isso através do celular dela. Conversei com a família e verificamos que deixaram de denunciar não por desleixo ou omissão, mas acreditavam que ele realmente não pudesse fazer isso, pois seria uma pessoa tranquila e que não passaria de uma 'dor de cotovelo'", comentou o delegado Yuri Agra, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Santana.
Um dia antes do crime, a vítima chegou a trocar de número de telefone para despistar o ex-namorado. Ela manda uma mensagem às 14h56 para a mãe informando do novo contato.
Em razão das ameaças, a Polícia Civil acredita que o crime foi premeditado. A investigação apura se a mudança de número de telefone também despertou a fúria do suspeito, pois imagens de câmeras de segurança que registraram o feminicídio mostram que George tenta tirar algo da mão da vítima. Testemunhas ouvidas no local pela Polícia Militar disseram que seria o celular.
George se entregou ao amanhecer de anteontem e preferiu ficar em silêncio. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva pela Justiça do Amapá. Ele está em uma cela separada no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) porque alegou sintomas de covid-19 em audiência de custódia. O suspeito permanecerá distante dos demais presos enquanto não sai o resultado do exame.
"Estava absolutamente apaixonado", diz defesa
A defesa de George afirmou que, no momento do crime, ele agiu "sob forte emoção por causa da paixão que ainda nutria por Raiane".
"Sem sombras de dúvidas trata-se de um crime passional, movido pelo sentimento forte da paixão. Ele estava absolutamente apaixonado e com o término do namoro se descontrolou, tendo esse lapso de intensa emoção. Praticou o fato sem estar com a total capacidade de entendimento. Ressalto isso porque nunca sequer teve uma multa de trânsito e é sem antecedentes criminais", afirmou o advogado Osny Brito.
Em relação às ameaças por mensagens, o advogado entende que, apesar do conteúdo, o crime não foi premeditado. A defesa, por outro lado, ainda busca saber o motivo de George ter levado uma faca ao encontrar Raiane na rua.
"Se fosse premeditado, não cometeria o crime na frente da casa dela em um lugar com câmeras de segurança. Não sabemos o motivo de ele estar com a faca. Talvez tivesse levado nem para [atacar] ela, porque no histórico do celular dele vimos que ele queria se matar", avaliou.
O feminicídio
O crime ocorreu por volta das 21h30 de 31 de julho, no bairro Hospitalidade, em Santana.
O assassinato foi registrado por câmeras de segurança de uma residência. As imagens mostram que o suspeito tenta tomar algo das mãos de Raiane. Ela tenta se defender e leva as facadas. O homem ainda dá o último golpe quando a vítima já está ao chão. Ele deixou a arma no local do crime e saiu correndo. A prisão ocorreu horas depois ao amanhecer.
Segundo a PM, o suspeito queria ver o celular da vítima. O relacionamento durou dois anos. O caso é tratado como feminicídio porque o suposto autor do crime não aceitava o fim do namoro. Ao todo, foram quatro golpes de facas, sendo três no pescoço e um nas costas da vítima.
A tia da jovem, Cleuma Miranda, contou ao UOL que o relacionamento do casal passava por problemas em razão do "ciúme doentio" do suspeito. Raiane conseguiu um emprego como operadora de caixa em um supermercado de Santana, o que virou motivo de crises de ciúmes do então namorado.
Raiane deixou uma filha de três anos, de um outro relacionamento. A criança está com a família paterna.
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