"Sim, engordei", diz Valesca. Famosas sofrem pressão estética na quarentena
O isolamento social provocou muitas mudanças na forma como vivemos, impactando nossas rotinas habituais para um estilo de vida mais solitário e, muitas vezes, sedentário. Se algumas mulheres conseguem usar esse período para se reconectar com sua imagem, outras ainda sentem o peso da pressão estética.
As mulheres famosas parecem ser um termômetro dessa cobrança. A produtora cultural Suzana Alves, por exemplo, aproveitou o isolamento para deixar de pintar os cabelos e assumir os fios brancos. Já a cantora Valesca Popozuda deixou os exercícios físicos em segundo plano. Ambas, porém, foram criticadas e cobradas por suas escolhas.
Valesca usou seu perfil no Twitter para rebater as críticas de que havia engordado. "Sim, engordei", postou. "To fazendo quarentena, eu não to mais fissurada em aparecer sarada pra ninguém (...) Quando puder voltar a fazer show, eu vou dar uma emagrecida pra poder ter fôlego no palco, os figurinos entrarem. Mas eu também não vou mais me cobrar a ter um corpo sarado porque os homens acham que fico melhor assim", completou em seu post.
Mas a realidade de Suzana e Valesca não é a de todas as famosas. Muitas se sentiram obrigadas, mesmo no meio da pandemia, a se submeter a procedimentos estéticos. Flayslane é uma delas. A ex-BBB realizou uma rinoplastia e colocou lentes de contato nos dentes, sem contar que perdeu peso desde sua saída da casa do BBB.
Já a influenciadora digital Gabi Prado, ex-participante do reality "De Férias Com o Ex Brasil", assumiu ter realizado o foxy eyes durante a quarentena. O procedimento, que tornou-se favorito de famosas como Kendall Jenner e Bella Hadid, consiste no alongamento do olhar pelo preenchimento ou arqueamento de sobrancelhas.
As atitudes dessas famosas se refletem nas mulheres anônimas também. Segundo o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a busca por procedimentos faciais tem crescido fortemente com a retomada dos processos cirúrgicos. "De uns dois meses pra cá, tivemos um aumento muito grande, diria que de 50% do que seria o comum", revela.
Ansiedade da pandemia pode abalar a autoestima
Para a psicóloga Raissa Gomes Pereira Eras, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental da USP, um dos efeitos emocionais do isolamento social e da pandemia do coronavírus é desencadear mudanças de comportamento até em pessoas sem histórico de problemas emocionais."Estudos já apontam que houve um aumento nos casos de ansiedade e depressão neste período de quarentena. Estar em alerta com a nossa saúde emocional é sempre importante", explica.
"A ansiedade em si não é um problema de autoestima, mas quando ficamos com a nossa autoestima abalada, podemos acabar desenvolvendo um quadro ansioso devido a pensamentos disfuncionais a nosso respeito. Um fator prejudicial na nossa saúde mental é o estresse, que pode ser gerado através de agentes externos, como a pandemia".
Um dos fatores acentuados neste momento instável é a busca pelos padrões de beleza, incentivados pelas redes sociais. Para Raissa, os impactos das redes em relação à nossa saúde emocional e autoestima são imensos. "Esse conteúdo deve ser consumido com cautela. Devemos lembrar que nem sempre o que está representado ali é real", conclui a psicóloga.
Ainda não é o momento
Após as revelações das celebridades, a busca pelos termos "rinoplastia" e "foxy eyes" cresceram rapidamente no Google. A segunda chegou a atingir o pico de pesquisas no meio deste ano. O cirurgião atenta para o risco de agendar os procedimentos seguindo a tendência: "a partir do momento que você faz uma cirurgia, não vai mais voltar ao que era antes. A pessoa precisa ter a indicação para fazer e a certeza do que quer. Normalmente, a busca acaba sendo muito maior do que a necessidade".
Para ele, o modismo das redes não é o único responsável pelo aumento na busca por procedimentos. "Temos uma demanda de pacientes que não tinham operado por causa da pandemia e que agora, pela situação mais normalizada, voltaram a procurar; também tem muita gente que está aproveitando o home office para recuperar, já que não precisam ficar afastados do trabalho."
Entretanto, o médico alerta que ainda é recomendado evitar procedimentos extensos. "Cirurgias muito longas, que debilitam o corpo, ou pacientes de risco do vírus devem levar em consideração se este realmente é o melhor momento. Se não forem cirurgias que demandem internação hospitalar prolongada, não há tanto tempo de exposição e é possível se recuperar em casa."
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