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'As opressões na vida de uma mulher negra são terríveis', diz Preta Gil

Thais Fersoza e Preta Gil  - Reprodução/YouTube
Thais Fersoza e Preta Gil Imagem: Reprodução/YouTube

Colaboração para Universa, em São Paulo

05/08/2020 22h32

Em uma entrevista divulgada hoje no canal de Thais Fersoza no YouTube, Preta Gil falou sobre várias situações pelas quais passou durante sua vida por causa de homofobia, racismo e gordofobia.

A cantora, filha de Gilberto Gil, abriu o coração para Thais ao falar sobre os temas, revelando que chegou a fazer lipoaspiração e também que tomou remédios para emagrecer.

"As opressões na vida de uma mulher negra; de uma mulher negra e gorda; de uma mulher negra, gorda e bissexual... Elas são terríveis! Vão se colocando como camadas que vão se sobrepondo, e você tem que ir lidando com essas opressões. E eu fui sempre guerreando. Óbvio que tive meus momentos de vulnerabilidade e fraqueza", disse Preta ao começar a tratar do assunto.

Ela continuou: ""Em um momento da minha vida, por exemplo, não lidei bem com a opressão em relação ao meu corpo. A gordofobia foi algo me assustou muito no primeiro momento, tanto é que eu tentei ser magra durante muito tempo", relembrou.

"Sempre me reconheci como mulher negra, sou bissexual, e isso para mim é de uma naturalidade absurda, mas o meu corpo nunca tinha sido algo que eu pensasse ou tivesse um relacionamento esquisito. Sempre tive um relacionamento muito livre com o meu corpo", frisou.

Julgamentos no início da carreira

Preta então comentou sobre o momento em que lançou sua carreira, e relembrou as críticas preconceituosas que recebeu. "No primeiro momento, quando me lancei como cantora e veio essa enxurrada de preconceito, fiquei muito assustada. Falei 'por que as pessoas estão me julgando pelo meu corpo? Por que não estão falando do meu disco ou da minha voz?'", lamentou.

"Mesmo indo para frente, fui comprando uns grilos e, sem perceber, levando para a minha mente todos esses preconceitos. Quando vi, estava fazendo lipoaspiração e tomando remédios para emagrecer", destacou.

Segundo Preta, a ajuda profissional que recebeu para tratar de sua saúde mental ajudou bastante. "Na terapia, depois de muito tempo, a gente entendeu que essa minha busca pela magreza e querer me encaixar nos padrões que as pessoas queriam que eu me encaixasse, era muito mais eu dizendo 'Parem de falar de mim. Ok, vou ficar do jeito que vocês querem. Não fala mais de mim, para de encher o saco' do que eu realmente querendo ser magra", afirmou.