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Suspeito de assediar advogada que fazia ioga é alvo de outra investigação

Marcela Lemos*

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

07/08/2020 11h46

O empresário Ricardo Roriz é alvo de outra investigação por comentários de teor sexual a praticantes de ioga. Em gravação feita em 5 de julho, ele filma uma mulher que se exercitava na Lagoa Rodrigo de Freitas. No vídeo, ele faz a gravação sem que a vítima soubesse e comenta: "Ninguém aqui quer ver ioga queremos ver alcatra abrindo".

Nesta semana, o empresário já havia sido denunciado pela advogada Mariana Maduro, que também foi filmada fazendo ioga no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele tem uma conversa de cunho sexual com um vendedor ambulante identificado como Celso de Barros, que faz um gesto sexual de masturbação enquanto observa as mulheres. A Polícia Civil investiga o caso e pode indiciar os homens por perturbação de tranquilidade, injúria e gesto obsceno.

O caso do vídeo gravado em 5 de julho também está sendo investigado pela Polícia Civil. A vítima procurou a delegacia para fazer um boletim de ocorrência após a denúncia feita por Mariana Maduro. A mulher gravada na Rodrigo de Freitas é amiga da advogada e foi incentivada por ela a registrar o caso na polícia.

"Foi num dia em que estávamos em cerca de 15/20 pessoas ali fazendo ioga", contou Mariana a Universa. No Instagram, Mariana deu mais detalhes sobre a prática reiterada do empresário.

"Ao final desse vídeo, é possível ver esse senhor filmando a mim e a todos os meus colegas de ioga daquele dia (...) e ele dá zoom em nosso corpos em uma conotação identifica que foi dada para os dois vídeos que saíram e com frases muito 'boas'. A melhor: ninguém aqui quer ver ioga queremos ver alcatra abrindo e aí aparece Celsão fazendo este movimento. Aí somos um pedaço de carne daqui para frente. Me causa náuseas. É uma prática reiterada", desabafou a advogada.

Nas redes sociais do empresário, com mais de 300 mil seguidores, é possível observar que há outras postagens expondo mulheres. Em uma delas, uma mulher tem os glúteos fotografados e postados na internet. A vítima aparece abraçada ao companheiro nas imagens.

De acordo com a delegada, Valéria Aragão, a segunda vítima prestou depoimento nessa quarta-feira (5).

"Ela se sentiu ofendida e desejou representar contra Ricardo Roriz para que ele seja responsabilizado por injúria e perturbação da ordem. No vídeo feito um mês antes, o autor filma diversas cenas na Lagoa e em determinado momento faz um zoom na parte do corpo da jovem com comentários desagradáveis e ofensivos e publica na internet. Ele vai voltar à delegacia para prestar esclarecimentos", explicou Valéria Aragão.

Ontem o ambulante identificado como Celso de Barros, chamado de Celsão no vídeo que mostra Mariana, prestou depoimento e afirmou ter sido "provocado" pelo empresário a realizar o ato. "Na quinta-feira compareceu o Celsão que disse que foi provocado pelo empresário para fazer comentários [sobre o caso do vídeo envolvendo a advogada Mariana Maduro]", disse a delegada.

Os arquivos entregues à polícia foram removidos da página Loja de Militaria, que tem Roriz como responsável. Ele vai responder por injúria qualificada e perturbação da tranquilidade.

Universa procurou o advogado do empresário para comentar os casos, mas até o momento não houve retorno.

Empresário alega conversa íntima; vítima vê afronta

Após a repercussão do caso, Roriz publicou uma nota de esclarecimento sobre o caso. A medida foi tomada após a Polícia Civil começar a investigar o conteúdo das publicações. Ele explicou que o episódio foi uma "conversa íntima entre amigos" que se tornou pública.

"Uma conversa íntima entre amigos veio a público através de uma publicação infeliz por mim publicada em minha rede social Instagram que conferiu erroneamente um tom genérico, abstrato, grosseiro que não corresponde à minha conduta durante os seis anos de publicações nas referidas redes sociais. Venho externar minha solidariedade a quem se sentiu ofendido ou depreciado pela referida postagem", disse o empresário.

Mariana considerou uma afronta a postagem de Roriz. "Ele veio externar solidariedade a quem se sentiu ofendida e depreciada. Não é que ele ofendeu e depreciou. Eu que sou culpada por me sentir ofendida e depreciada porque afinal de contas como esse senhor mesmo fez na postagem a culpa é de quem sofre", comentou ela em tom de ironia.

Mariana diz que deixará prática de ioga

A advogada afirmou também que deixará de fazer o exercício. "Eu não vou voltar a praticar ioga, não por medo, mas por associar o ioga a um filme pornô. Eu só consigo associar o ioga agora a um filme pornô, que eu estou produzindo gratuitamente para as pessoas. Não tem mais beleza, sabe?", desabafou a Universa na última quarta-feira.

* Com informações de Pauline Almeida, colaboração para Universa, no Rio de Janeiro