Topo

Monica Benini critica retratos romantizados e desabafa sobre amamentação

Monica Benini critica romantização da amamentação - Reprodução/Instagram @monicabenini
Monica Benini critica romantização da amamentação Imagem: Reprodução/Instagram @monicabenini

De Universa, em São Paulo

07/08/2020 11h14Atualizada em 07/08/2020 12h52

A designer Monica Benini criticou ontem os retratos espetacularizados da amamentação em postagem no seu perfil oficial do Instagram. Ela, que é mãe de Otto, de 2 anos e 10 meses, compartilhou relatos de momentos complicados do seu processo de aleitamento em contraposição às imagens que sempre mostram mães sorrindo enquanto amamentam.

"Lembro de ter me questionado, assim que comecei a amamentar, do porquê de as imagens que nos mostram de mães sorridentes amamentando seus filhos parecerem tão romantizadas. E, principalmente, do porquê de a sociedade dar tanto pitaco em algo tão íntimo", escreveu Monica na legenda.

Casada com o cantor Júnior Lima, a designer contou que enfrentou momento difíceis durante a amamentação, mesmo com toda a emoção motivada pela troca de olhares no momento e o amor que sentia pelo filho.

"Esse ritual que foi tão especial por aqui não escondeu as olheiras por ter passado madrugadas sem dormir praticamente nada, não suavizou as dores de cabeça por privação de sono, não cessou as lágrimas que jorravam dos olhos quando aquela boquinha voraz sugava meu peito machucado", afirmou.

"Não fez carinho quando chorei, desesperada e com um filho de três meses, por achar que meu leite estava acabando. Não trouxe de volta as coisas todas que deixei para trás por ter escolhido fazer amamentação prolongada, não amenizou a sensação de solitude que sentimos enquanto amamentando nossa cria vemos a vida passar pela janela", disse.

No texto, Monica fez um apelo para que as dificuldades da maternidade e da amamentação sejam mais retratadas e visibilizadas. "Eu desejo uma sociedade que recrimine e julgue menos as mulheres e que entenda que informação de qualidade é nosso maior escudo", afirmou.

"Eu desejo uma sociedade que estenda o ombro pra mãe que chora, muitas vezes escondida, por crer que está perdendo o vínculo com seu bebê, sem ter a certeza de que o vínculo criado na amamentação é apenas uma pequena parcela do vínculo arrebatador que ela poderá criar por toda a vida ao lado da cria", disse.

No fim do desabafo, ela deixou um recado para as mães que não conseguiram amamentar, lembrando que elas não são menos mães só porque não deram de mamar aos filhos.

"Você não é menos mãe por não ter amamentado em livre demanda, prolongadamente ou mesmo por não ter amamentado pelo motivo que for. Acredite sempre no amor de vocês e se permita ser fiel ao que o seu coração diz."

Estamos em agosto, mês do aleitamento materno e as campanhas de amamentação brotam aos nossos olhos. Lembro de ter me questionado, assim q comecei a amamentar, do pq as imagens que nos mostram de mães amamentando sorridente seus filhos parecerem tão romantizadas e, principalmente, do pq a sociedade dar tanto pitaco em algo tão íntimo? eu fui do time que amou amamentar e que se emocionava verdadeiramente com o ritual, com o olho no olho enquanto ele mamava. Mas esse ritual que foi tão especial por aqui não escondeu as olheiras por ter passado madrugadas sem dormir praticamente nada, não suavizou as dores de cabeça por privação de sono, não cessou as lágrimas que jorravam dos olhos quando aquela boquinha voraz sugava meu peito machucado, não fez carinho quando chorei, desesperada e com um filho de três meses, por achar que meu leite estava acabando, não trouxe de volta as coisas todas que deixei pra trás por ter escolhido fazer amamentação prolongada, não amenizou a sensação de solitude que sentimos enquanto amamentando nossa cria vemos a vida passar pela janela? e eu tive o privilégio de poder escolher amamentar em livre demanda e de permitir que meu filho escolhesse o momento de parar. Tive o privilégio de silenciar o mundo e escutar meu coração e o meu outro coração que hoje bate fora de mim. Numa situação confortável, sem chefes, sem desamparo. E com informação. E mesmo que meu olhar com "inclinações fotográficas", que sempre busca enquadrar a vida, se emocione com a cena de uma mãe amamentando sua cria, não consigo não pensar nas mães que não tiveram essa mesma realidade? estendo meu caloroso abraço à mãe que teve que parar de amamentar pra poder voltar ao mercado de trabalho, que não acolhe e facilita os processos pras mães de recém nascidos; à mãe que teve mastites infinitas e febres intermináveis; à mãe que por motivos externos - ou internos - não conseguiu sequer começar; à que calou sua voz interna e deixou o mundo gritar, à que se culpou e se sentiu a pior mãe do mundo por simplesmente (pelo motivo que for) não conseguir seguir; à que não teve acesso à informação e não pode escolher amamentar (ou não) amparada pela calma que essa consciência.. CONTINUA

Uma publicação compartilhada por M O N I C A B E N I N I (@monicabenini) em