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Malala lamenta formatura durante a pandemia: 'Educação é mais que estudo'

Malala Yousafzai, aos 23 anos - Getty Images/Getty Images for EIF & XQ
Malala Yousafzai, aos 23 anos Imagem: Getty Images/Getty Images for EIF & XQ

De Universa, em São Paulo

10/08/2020 15h26

Malala Yousafzai lutou contra o Talibã para garantir que mulheres pudessem estudar em todo o mundo, levou um tiro e, mesmo assim, passou os últimos anos estudando na Universidade de Oxford, em Londres. Sua graduação, no entanto, não saiu exatamente como ela esperava, já que o evento foi cancelado e aconteceu de forma virtual por causa da pandemia de coronavírus.

Em texto em primeira pessoa, publicado na revista Vanity Fair, Malala conta sobre o encerramento dos estudos na Universidade de Oxford e lembrou alguns de seus melhores momentos dentro e fora das salas de aula.

"Em março, empacotei algumas coisas do meu quarto na Universidade - livros, sapatos, roupas - o suficiente para as três semanas de férias da Páscoa. Meses depois, ainda estou em casa com meus pais", começou. "Tive aulas por vídeo e fiz os exames finais no meu quarto. Em junho, me formei no quintal."

A jovem, de 23 anos, conta que voltou a Oxford para recolher os pertencer que ficaram por lá e que, nesta ocasião, que durou duas horas, percebeu que o campus estava silencioso.

"Como outros graduados de 2020, este não foi o final que eu imaginei. No início do ano letivo, disse a mim mesmo que andaria por todas as ruas de Oxford, tiraria fotos de todos os belos jardins, beberia chá em todos os cafés e comeria em todos os refeitórios do campus. Esta foi minha última chance de ver, ouvir, tocar e saborear tudo -' e eu perdi isso", lamentou.

Malala conta que sentiu os últimos meses de isolamento como "uma grande perda" porque "a educação é muito mais que uma lista de leitura ou um programa de estudos".

"Para muitos de nós, a faculdade é nossa primeira experiência real com independência. Nós definimos nossos próprios horários - até mesmo pequenas decisões como o que comer ou como passar o domingo são emocionantes", escreveu.

Ela refletiu, ainda, sobre como entregar os melhores trabalhos e chegar às melhores notas não foram seus principais objetivos durante a graduação: "Assisti a jogos de críquete e bailes universitários. Entrei para a Sociedade do Paquistão e a União de Oxford. Com muita frequência, meus amigos me convenceram a abandonar meus estudos e ir para uma sociedade de debates ou um pub".

"Eu ouvi palestras inspiradoras de alguns dos maiores pensadores e líderes do mundo, mas aprendi tanto ou mais com meus colegas", declarou. "Como eu, eles entram em um mundo cambaleante — uma pandemia global, uma recessão econômica, racismo, desigualdade e um futuro incerto. Segundo pesquisadores da UCLA, a turma de 2020 pode não se recuperar de contratempos profissionais e financeiros por 10 anos."

Malala voltou a lamentar não ter se despedido de seus colegas de classe, mas disse ter certeza que verá os amigos em breve: "Eu os verei defendendo o direito de voto e fortalecendo nossas democracias. Eu os verei protegendo nosso planeta. Eu os verei lutando contra o racismo e a injustiça. E eles vão me ver, todos os dias pelo resto da minha vida, trabalhando pela educação, igualdade e direitos das mulheres".

A graduanda de Oxford concluiu o texto lembrando que os jovens estão liderando o mundo e que, para os mais velhos, "não é tarde demais para você mudar".