A trajetória de Maria Clementina, 1ª delegada negra da Polícia Civil de SP
Maria Clementina de Souza participaria na última quarta-feira (12) de uma palestra sobre o racismo no mundo jurídico, mas, devido a complicações de saúde, não conseguiu comparecer ao evento. Ela, que foi a primeira delegada negra da Polícia Civil de SP e que auxiliou no processo de criação da primeira Delegacia da Defesa da Mulher, faleceu ontem (14), aos 64 anos, devido a uma trombose.
Sua trajetória, no entanto, ficou marcada. Mylene Ramos Seidl e juíza do trabalho aposentada, define a amiga como uma pessoa "firme, doce e incansável". "Semanalmente após o expediente atendia eventos de combate ao racismo. Era querida por todos", relembra.
Clementina ingressou na Polícia Civil de SP em 1976, como escriturária. Seis anos depois, passou em um concurso e se tornou delegada. Atuou na profissão por mais de 40 anos, em cidades com São Paulo, São Bernardo do Campo, Campinas, Mauá e Guarulhos. No final do ano passado se aposentou, sem deixar de lado a luta pela igualdade racial. Em março de 2019, recebeu da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a medalha Ruth Cardoso, como reconhecimento ao trabalho no combate à violência contra a mulher.
Sua luta inspirou outras pessoas na busca pela igualdade. "Quando à noite, cansada, eu pensava: se ela consegue, eu tenho o dever de dar o meu melhor também", resume Mylene.
Após o seu falecimento, Maria Clementina recebeu homenagens do Conselho Estadual da Condição Feminina, da Polícia Civil de SP e também do governador do estado, João Dória, que reconheceu sua importância como ativista na luta pelos direitos dos negros.
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