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Grupo católico faz ato em hospital de PE contra aborto de menina estuprada

De Universa

16/08/2020 19h09Atualizada em 16/08/2020 20h24

Um grupo de católicos se reuniu na tarde deste domingo (16), na porta de um hospital em Recife para protestar contra a interrupção da gravidez de uma menina de menina de 10 anos que engravidou depois de ser estuprada. Após ter o pedido negado pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, em Vitória, a criança foi levada a outro estado.

O grupo protestou, ajoelhou e cantou em frente à unidade de saúde. De braços dados, eles chamaram o médico responsável pelo procedimento de "assassino" e utilizaram a página no Instagram para divulgar imagens do ato. "Estamos aqui como igreja para dizer que Recife não é a capital do aborto, nós somos pró-vida, e queremos salvar as duas vidas. As duas importam e valem", disse uma representante do grupo, que tem 12 mil seguidores no Instagram.

Em seguida, foram postadas gravações do grupo ajoelhado e de mãos dadas, cantando em frente ao local. Também hoje à tarde, a militante de extrema-direita Sara Winter usou as redes sociais para expor a identidade da menina e o endereço de onde seria realizado o procedimento.

Entenda o caso

Uma criança de 10 anos foi estuprada e engravidou. O tio, de 33 anos, foi indiciado pelo crime. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, a criança era vítima de estupros havia quatro anos, e o caso chegou ao conhecimento da polícia no dia 8 deste mês, quando ela deu entrada num hospital público da cidade de São Mateus, a 220 km de Vitória, com suspeita de gravidez.

O Tribunal de Justiça capixaba já havia dito ao UOL, por meio de nota, que "influências religiosas e morais" não definiriam o futuro da gestação.

A lei brasileira permite que um aborto seja realizado por meio do serviço público de saúde no caso de a gravidez ser resultado de um estupro, assim como nas situações de risco para a mãe ou de anencefalia do feto - justamente o que o magistrado levou em consideração.

Secretaria de Saúde de PE diz seguir legislação

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) afirmou que segue a legislação vigente em relação à interrupção da gravidez e que os parâmetros legais estão sendo rigidamente seguidos.

Leia a nota na íntegra:

"A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) informa que segue a legislação vigente em relação à interrupção da gravidez (quando não há outro meio de salvar a vida da mulher, quando é resultado de estupro e nos diagnósticos de anencefalia), além dos protocolos do Ministério da Saúde (MS) para a realização do procedimento, oferecendo à vítima assistência emergencial, integral e multidisciplinar.

Em relação ao caso citado, é importante ressaltar, ainda, que há autorização judicial do Espírito Santo ratificando a interrupção da gestação. É importante reforçar, também, que o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam-UPE) é referência estadual nesse tipo de procedimento e de acolhimento às vítimas.

Por fim, frisa-se que todos os parâmetros legais estão sendo rigidamente seguidos para este caso."