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Presidente da CNBB chama de 'crime hediondo' aborto em menina estuprada

Dom Walmor de Oliveira, presidente da CNBB, chama aborto em criança estuprada de crime - Alexandre Rezende / UOL
Dom Walmor de Oliveira, presidente da CNBB, chama aborto em criança estuprada de crime Imagem: Alexandre Rezende / UOL

De Universa, em São Paulo

18/08/2020 08h48Atualizada em 18/08/2020 11h07

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o arcebispo dom Walmor, afirmou que a interrupção legal da gravidez feita em uma criança de 10 anos vítima de estupro é um "crime hediondo" e disse que a "violência do aborto não se explica".

De acordo com a PC-ES (Polícia Civil do Espírito Santo), a criança era vítima de estupros havia quatro anos e o caso chegou ao conhecimento da polícia no dia 8 deste mês, quando ela deu entrada num hospital público da cidade com suspeita de gravidez. Segundo exames, a garota estava grávida de 22 semanas e quatro dias.

A criança realizou aborto legal, com respaldo da justiça, e passou por procedimentos no domingo (16) e ontem. Hoje pela manhã, o suspeito do crime, tio da menina, foi detido na região metropolitana de Belo Horizonte.

Walmor foi eleito para presidir a CNBB há pouco mais de um ano e a sua chegada ao cargo foi apoiada por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O youtuber bolsonarista Bernardo Pires Küster sinalizou a época que a nova gestão seria mais voltada a ala conservadora da igreja católica, sem se envolver com grupos LGBTQ ou movimentos sociais.

Na nota, publicada no Facebook do arcebispo, ele manifestou sua opinião sobre o aborto realizado na menina vítima de abusos:

Lamentável presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses, cuja mãe é uma menina de dez anos. Dois crimes hediondos. A violência sexual é terrível, mas a violência do aborto não se explica, diante de todos os recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças. As omissões, o silêncio e as vozes que se levantam a favor de tamanha violência exigem uma profunda reflexão sobre a concepção de ser humano.
Dom Walmor, presidente da CNBB

Criança fez aborto em outro estado

Os familiares da menina violentada recorreram à Justiça, que a autorizou o aborto na garota. No entanto, a unidade de saúde indicada para fazer o procedimento, o Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes), em Vitória, recusou-se a fazer o aborto alegando que a menina não se encaixava nos critérios do Ministério da Saúde.

A vítima, então, foi encaminhada a um hospital no Recife, o Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), para realizar o procedimento aprovado pela Justiça.

O local foi palco de protestos de grupos contrários e favoráveis ao aborto após a militante de extrema direita Sara Giromini - conhecida como Sara Winter - expor que a menina estava lá.

O aborto foi feito na noite de domingo e ontem a menina passou por uma curetagem para retirada de restos placentários do útero. A vítima passa bem e está acompanhada da avó e de uma assistente social.