Avó de menina de 10 anos estuprada pelo tio diz que 'perdeu o chão'
A avó da menina de 10 anos estuprada pelo tio na cidade de São Mateus (ES) afirmou ao jornal O Globo que 'perdeu o chão' quando soube do histórico de 4 anos de abusos. Ela é quem cuida da vítima com o marido.
O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil do Espírito Santo no dia 8 de agosto, quando ela deu entrada num hospital público da cidade com suspeita de gravidez. Segundo exames, a garota estava grávida de 22 semanas e quatro dias.
O agressor confesso foi preso ontem, no Espírito Santo. A menina temia que ele matasse seu avô e era essa ameaça que a impedia de denunciar os abusos que sofria, de acordo com o relato da avó a uma enfermeira. A garota recebeu hoje alta hospitalar do Cisam (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros), no Recife, após realizar o aborto autorizado pela Justiça.
A avó também disse ao Globo que sofrer pressões para que a vítima tivesse a criança e entregasse o bebê para a adoção. "É claro que eu criaria, mas minha filha estava em risco", declarou.
Pressão contra o aborto
A Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de São Mateus, do MP-ES (Ministério Público do Espírito Santo), vai investigar se grupos políticos tentaram pressionar avó a não autorizar aborto da menina de 10 anos que engravidou após estupro.
O MP-ES também investigará áudios de conversas em que pessoas tentavam pressionavam a família a não deixar que a gravidez da criança fosse interrompida. Uma reportagem do Fantástico mostrou ontem um áudio que oferecia à avó uma estrutura de médicos caso ela optasse por deixar a neta seguir com a gravidez.
"E essa equipe que eu tô colocando à disposição da senhora é uma equipe de especialistas, médicos, ginecologistas, médicos que sabem lidar com esse tipo de situação. E tão dando toda a garantia de que fazer o que eles querem fazer agora é mais risco do que levar a gestação à frente e fazer uma cesárea com anestesia, com tudo correto, entendeu?", diz um homem não identificado, em áudio enviado a ela.
Uma petição online que quer a abertura de um processo contra Sara Giromini (apelidada de Sara Winter) por violação ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolecente) no caso da menina de 10 anos vítima de estupro já reúne 100 mil assinaturas.
A militante de extrema direita divulgou o nome da vítima e o endereço onde ela estava internada, o que fez com que manifestantes fossem para o hospital protestar contra o aborto da criança.
O deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE) protocolou ontem no MPF e no MPDFT uma representação contra a bolsonarista Sara Winter pelo mesmo motivo. O parlamentar alega que, ao publicar onde ela faria o aborto — autorizado pela Justiça capixaba —, Sara incitou a obstrução à sua chegada no hospital e os ataques que foram proferidos à menina e à família no local.
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