Lula critica grupos pró-vida: 'E se a filha delas tivesse sido estuprada?'
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou hoje, em entrevista para a Rádio Folha de Pernambuco, os protestos de grupos pró-vida que aconteceram no final de semana, do lado de fora de um hospital no Espírito Santo, após a menina de 10 anos que foi estuprada ganhar permissão da Justiça para realizar um aborto. O tio da criança é o suspeito pelo estupro e foi preso ontem.
"Queria saber o que aquelas mulheres na porta do hospital fariam caso a filha delas tivesse sido estuprada. A gente não estava discutindo aborto, e sim uma criança vítima de violência brutal, chamada de assassina, quando foi vítima de um monstro, contra quem o atraso não gritou", opinou Lula.
O governo do Espírito Santo está pronto para providenciar uma nova identidade e novo endereço — com aluguel pago — para a criança que engravidou após ser estuprada continuamente.
A família, que embarcou hoje num avião fretado no Recife, onde a interrupção da gestação aconteceu, e já chegou à capital capixaba, só precisa aceitar as ofertas ao pousar no aeroporto de Vitória. A informação foi dada ao UOL por fontes do Palácio Anchieta, sede do governo, do Ministério Público Estadual, e da Secretaria de Estado da Saúde.
Hoje mais cedo, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciou que o partido protocolou um pedido para que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, preste esclarecimentos na Câmara sobre o vazamento de dados da menina de 10 anos que interrompeu a gravidez após ser estuprada pelo tio, no Espírito Santo.
Nome completo e endereço do hospital no Recife onde ela realizaria o procedimento, autorizado pela Justiça capixaba, foram publicados ilegalmente pela militante de extrema-direita Sara Winter, no último domingo (16).
Há suspeitas que as informações tenham sido vazadas pela ministra.
"Urgente! Acabamos de protocolar o requerimento de convocação da ministra Damares para prestar esclarecimentos na Câmara sobre o vazamento de dados da menina de 10 anos", disse o deputado, no Twitter. "Isso é crime e precisa ser investigado".
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