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Memorial de mulher condenada por votar em 1872 recusa perdão de Trump

Ao assinar o indulto presidencial na terça-feira (18), Trump questionou: "Por que levou tanto tempo?" - Bettmann/Bettmann Archive
Ao assinar o indulto presidencial na terça-feira (18), Trump questionou: "Por que levou tanto tempo?" Imagem: Bettmann/Bettmann Archive

De Universa, em São Paulo

20/08/2020 19h49

Na terça-feira (18), Donald Trump assinou um indulto presidencial perdoando Susan B. Anthony, condenada e multada em US$ 100 por votar em 1872, quando o voto feminino era proibido nos Estados Unidos.

Ao assinar o perdão, Trump questionou: "Por que levou tanto tempo?". O Museu Susan B. Anthony respondeu em seu website ao recusar o indulto, dizendo que ela consideraria o perdão como uma validação de sua condenação.

"Em 1873, Anthony escreveu em seu diário que seu julgamento por votar foi 'o maior absurdo já testemunhado na História'. Ela não pôde ser testemunha de sua própria defesa, porque era uma mulher. Na conclusão dos argumentos, o Juiz Hunt desconsiderou o júri popular e a declarou culpada", escreveu a presidente do museu, Deborah Hughes.

Hughes continuou: "Ela ficou ultrajada por não permitirem um julgamento por júri popular. Ela declarou: 'nunca pagarei um dólar da sua sentença injusta'. Pagar validaria o processo. E perdoar Susan Anthony faz o mesmo".

Ela também alfinetou Trump, que nesta semana se posicionou contra o voto universal pelos correios: "Se alguém quiser homenagear Susan B. Anthony hoje, uma posição clara contra qualquer forma de supressão de votos seria bem-vinda".

Susan B. Anthony de fato nunca pagou a multa, e sua condenação acabou alavancando o movimento sufragista. Ao final do processo, ela viajou pelos Estados Unidos defendendo a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Ela morreu aos 86 anos em 1906 — em 1920, foi assinada a 19ª emenda, que permitiu que mulheres brancas votassem.