PE: Médicos são investigados por pressionarem criança para não fazer aborto
Um obstetra e um pediatra estão sendo investigados por usarem a posição de médicos para terem acesso a criança de 10 anos, que engravidou após ser vítima de estupro, para pressioná-la a não realizar o procedimento de interrupção da gestação, que ocorreu no Cisam (Centro Integrado Amaury de Medeiros), da Universidade de Pernambuco, no Recife.
Os médicos teriam entrado sem autorização na sala que a menina estava, na noite do último domingo (16), e iniciaram conversa mostrando imagens de fetos e do procedimento que a criança iria se submeter, na tentativa de convencê-la a não realizar o aborto legal determinado pela Justiça do Espírito Santo.
A menina estava em uma sala reservada aguardando atendimento quando foi abordada pelos médicos. Ela estava com a avó e a assistente social enviada pelo governo do Espírito Santo para acompanhar o caso. A assistente social, inicialmente, tinha imaginado que eles faziam parte da equipe que iria assistir a criança, mas com o desenrolar do teor da conversa constatou que eles estavam a constrangendo, tentando fazer pressão psicológica, se mostrando contra o procedimento, e ela interveio na situação.
"Os dois médicos chegaram com olhares condenatórios e começaram a constranger a criança. Logo que a assistente social, que me relatou o fato, observou o constrangimento, ela cortou a conversa e pediu que eles saíssem do local", relatou a enfermeira Paula Viana, integrante da coordenação colegiada do grupo Curumim, que foi responsável pelo translado da criança do aeroporto do Recife até o Cisam.
A assistente social fez uma denúncia do caso na ouvidoria do Cisam logo após os médicos saírem do local. Em nota, o Cisam informou que a denúncia vai ser investigada. O hospital não soube informar se os médicos, cujos nomes não foram divulgados, fazem parte do quadro de servidores.
O Ministério Público de Pernambuco informou ao UOL, na noite de hoje, que a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da Capital ainda não recebeu nenhuma documentação sobre a denúncia e que, assim que for recebida, "ela será devidamente analisada, assim como as demais manifestações referentes ao caso."
"Ressaltamos que se trata de investigação envolvendo criança, logo o procedimento é sigiloso e não poderemos fornecer maiores informações", disse o Ministério Público de Pernambuco.
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