Clean beauty: conheça tendência que só quer ingrediente limpo no seu creme
Em poucos anos, a indústria da beleza passou por transformações significativas: grandes e pequenas marcas passaram a se posicionar sobre testes em animais, se preocupam com o material que embala seus produtos e buscam certificações que valorizem ingredientes naturais e orgânicos —sem falar no ódio que se declarou a componentes como parabenos.
E como essa indústria vive em ondas, a mais recente é a clean beauty, que chega ao Brasil depois de ganhar força nas prateleiras europeias e americanas valorizando produtos que só contenham ingredientes "limpos".
Para entrar nessa categoria, há alguns requisitos. Primeiro, os produtos não podem ter na fórmula componentes tóxicos e potencialmente nocivos."Não devem conter ativos que podem causar riscos à saúde, como alterações hormonais, irritação cutânea e câncer. Dessa forma, os cosméticos não devem ter, por exemplo, parabenos, ftalatos, sulfatos e fragrâncias sintéticas", afirma a dermatologista Claudia Marçal, de São Paulo. Mercúrio, óleos minerais e silicone também estão fora da lista.
O movimento da beleza limpa começou no exterior com marcas pequenas, de produção quase artesanal, e, aos poucos, vai chegando às grandes, na medida em que a consumidora identifica essa ação como um valor.
A brasileira Simple Organic, por exemplo, tem uma lista de 18 ingredientes que não entram na fábrica. "Não é um desafio desenvolver fórmulas [limpas], pois cada vez mais temos insumos para isso, fornecedores que oferecem possibilidade de inovação e tecnologia, além de matérias-primas que sequer foram trabalhadas no Brasil", diz Patrícia Lima, fundadora da marca.
Já o braço cosmético da gigante do lápis Faber-Castell, por exemplo, lançou sua segunda coleção de lápis para olhos já no conceito clean beauty. Os produtos são feitos com madeira sustentável e sem nenhum ingrediente antes tradicional ness tipo de produto, como óleo de palma e parabenos.
De olho na movimentação da consumidora, a rede francesa Sephora lançou em julho, a campanha "Natural beauty, beleza que faz bem" para reforçar as marcas em seu portfólio de produtos clean, sem ingredientes tóxicos, assim como aqueles sem testes em animais ou veganos. Entre as marcas que encabeçam a ação estão Sephora Collection, Quintal, Biossance e Caudalie.
Consumidor cada vez mais consciente
Para a fundadora da Simple Organic, abraçar a clean beauty é uma urgência. "É um movimento de conscientização que acontece na cabeça do consumidor, mas não podemos encarar isso como uma tendência, pois não é algo que vem e vai. Precisamos construir um mercado positivo de mudança."
A californiana Biossance, que chegou por aqui em 2018, depois de passar por eliminar mais de 2.000 ingredientes do banco de seu banco de ativos. "Isso supera os números das listas de agências reguladoras em todo o mundo. Os Estados Unidos só proíbem 12 ingredientes, enquanto a Europa lidera com mais de 1.300 que não são permitidos para uso cosmético", diz Ana Lia Vandoni, gerente sênior de educação global da marca, que agora adotou também a compensação ambiental de suas embalagens.
A dermatologista Fernanda Nichelle, de Porto Alegre, lembra, porém, que substâncias quimicamente sintetizadas nem sempre são ruins. Mas, diz ela, algumas podem ter efeito cumulativo na pele e, a longo prazo, gerar danos. "Já os produtos naturais, que são mais delicados e livres de conservantes, podem trazer benefícios com o uso contínuo. O risco de alergias pode ser menor devido a presença de biomoléculas, que costumam ser mais aceitas pelo organismo", diz Fernanda.
Cuidado com o ambiente também importa
Mas o conceito de clean beauty está associado não somente à formulação, mas também ao ambiente, fruto da prioridade a fontes naturais em toda a cadeia de fabricação. Para ser clean, uma marca precisa ser sustentável.
A Biossance, por exemplo, usa na formulação de todos seus produtos o esqualano bioidêntico produzido através de cana de açúcar, ingrediente altamente hidratante que levou a empresa a se instalar no Brasil.
O esqualano é uma molécula que pode ser encontrada no óleo do fígado do tubarão. "Hoje a caça aos tubarões é proibida, porém o mercado negro ainda usa esse recurso para extração desse potente e luxuoso ingrediente. Através da biotecnologia, recriamos o esqualano vegano de forma ética e sustentável e, assim, salvamos a vida de 2 milhões de tubarões por ano", anuncia Ana Lia.
Transparência no rótulo
Justamente para não ter dúvidas em relação à presença ou não de ingredientes tóxicos, os produtos limpos precisam apresentar a clareza nos rótulos.
Essa é uma das premissas desses marcas: abrir seus segredos e colocar todos os ingredientes que compõem a fórmula de modo bem transparente ao consumidor. "Comunicamos todas as informações ao consumidor em nossos rótulos. Isso inclui nossa política de desenvolvimento interno não usar parabenos, óleos minerais, silicones, fragrâncias e corantes sintéticos, ftalatos e sulfatos, além de não testarem em animais", elenca Adriana Zelenkovas, responsável técnica da Souvie, que começou sua história em 2015 com uma linha para gestantes e recém-nascidos.
Hoje, a marca ampliou a gama de produtos para pele e skincare e usa como um dos ativos principais o bisabolol natural, extraído a partir de uma árvore chamada candeia, da Mata Atlântica. "Sua eficácia é duas vezes maior que seu derivado sintético, por isso, sua ação é capaz de potencializar a ação bactericida em nossos desodorantes", diz Adriana, que avalia que o consumidor está mais atento ao que usa e com a exigência de transparência das marcas, o que se reflete no contato direto nas redes sociais.
"Quando as pessoas têm o desejo de avaliar o que estão comprando, o olhar se volta à formulação, ao impacto no ambiente e benefícios para saúde, além da performance. Patrícia, da Simple Organic, concorda que, aos poucos, quem consome beleza vai se tornando mais exigente com relação a esses princípios.
"Quando o consumidor passa por essa transição, seja pela questão que for, chega à clean beauty. E o que vai surpreender é a alta performance", diz Patrícia.
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