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Central Park, em NY, inaugura 1º monumento em homenagem a mulheres reais

As pioneiras na luta pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos: Susan B. Anthony, Elizabeth Cady Stanton e Sojourner Truth, em estátua inaugurada hoje no Central Park - Timothy A. Clary/AFP
As pioneiras na luta pelos direitos das mulheres nos Estados Unidos: Susan B. Anthony, Elizabeth Cady Stanton e Sojourner Truth, em estátua inaugurada hoje no Central Park Imagem: Timothy A. Clary/AFP

De Universa, em São Paulo

26/08/2020 11h52

O Central Park, um dos pontos mais representativos da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, inaugura hoje seu primeiro monumento em homenagem a mulheres reais. Pioneiras na luta pelos direitos das mulheres, Susan B. Anthony, Elizabeth Cady Stanton e Sojourner Truth estão representadas em uma estátua instalada no local, de acordo com o site da CNN norte-americana.

"Você já ouviu falar [na expressão] quebrar o teto de vidro", disse Meredith Bergmann, a escultora da peça. "Esta escultura está quebrando o teto de bronze."

A inauguração da obra coincide com os cem anos da aprovação da 19ª Emenda no país, que deu às mulheres o direito de votar. As três ativistas representadas morreram antes disso.

Stanton e Anthony, que foi presa e condenada por votar ilegalmente em 1872, cofundaram a American Equal Rights Association e pressionaram pelo direito do sufrágio feminino.

Truth, que nasceu em Nova York, na escravidão, escapou para a liberdade em 1826 e se tornou uma conhecida abolicionista e ativista pelos direitos das mulheres.

"É maravilhoso que agora a cidade de Nova York e o Central Park estejam se concentrando em ver as realizações das mulheres como dignas de uma representação em uma estátua", disse Bergmann.

Monumentos em reconhecimento ao desempenho de mulheres no desenvolvimento da sociedade ainda são raros em Nova York e em todo o país.

Alice no País das Maravilhas e Mamãe Ganso

O Central Park atualmente tem estátuas de várias meninas e mulheres fictícias, como Alice no País das Maravilhas e a Mamãe Ganso. A estátua com as três ativistas políticas será a primeira exibindo mulheres reais, de carne e osso, nos 167 anos de história do parque.

Historiadores disseram à CNN que as estátuas públicas geralmente refletem os valores de uma sociedade, e a falta de representação feminina revela uma verdade mais ampla sobre a América.

"O fato de termos tão poucas estátuas de mulheres mostra o domínio do patriarcado masculino branco", disse Margaret Washington, professora de História Americana na Universidade Cornell. "Que as mulheres não são realmente consideradas valiosas para a nossa sociedade".

A falta de estátuas de mulheres também reflete quem decide o que da história é contado, disse Erika Doss, professora de Estudos Americanos da Universidade de Notre Dame.

"A história é escrita por e sobre os homens, e essas são as estátuas, memoriais e monumentos que são erguidos", disse ela.

O monumento está posicionado no Passeio Literário do Central Park, uma via arborizada que também apresenta a estátua de Shakespeare, do poeta escocês Robert Burns, do romancista escocês Sir Walter Scott e do escritor americano Fitz-Greene Halleck.

"Minha esperança para as meninas que virem essas estátuas é que sejam inspiradas a fazer um trabalho sério pela mudança social com o conhecimento de que as mulheres têm feito esse tipo de trabalho por séculos", disse Bergmann, "e seus direitos vêm do trabalho que essas mulheres fizeram".