Em países diferentes na quarentena, elas se casaram por videoconferência
Era para a relações públicas Amanda Abed, 27, ter um pedido de casamento em junho deste ano. A advogada norte-americana Sabrina Gleason, 27, já tinha tudo organizado: "Ela falou com a minha mãe, com minhas amigas, para pedir a minha mão em uma ocasião bem bonita".
Mas aí a pandemia chegou e impediu que Amanda, que mora em São Paulo (SP), e Sabrina, que está em Nova York, nos EUA, se vissem.
A relações públicas descobriu sobre as intenções da parceira na semana do dia 21 de agosto, dia em que elas se casaram em uma cerimônia feita pelo Zoom. É que, em maio deste ano, os EUA fecharam as fronteiras por conta da crise sanitária causada pelo coronavírus. Entrar no país vindo do Brasil passou a ser possível somente sendo residente ou tendo cônjuge norte-americano. "Por isso, não tivemos um pedido de casamento propriamente dito. Foi tudo feito meio que às pressas", conta Amanda.
Amanda e Sabrina se conheceram em 2017, quando ambas praticavam rúgbi em Nova York. Elas eram apenas amigas até outubro do ano passado, quando a relações públicas fez uma road trip com a família e reviu a advogada em Las Vegas. "A partir de então, nos falávamos todos
os dias por Facetime e Whatsapp. Até que no dia 13 de novembro ela me pediu em namoro". Em fevereiro deste ano, pouco antes da pandemia chegar no país norte-americano, Amanda passou 20 dias morando com Sabrina. "Vivíamos uma vida de casadas, já que ambas estavam trabalhando e mantendo sua rotina". Elas viram, assim, que o casamento não seria um problema para elas.
"As noivas entraram na sala"
Com os planos de se verem novamente em suspenso, elas ficaram sabendo sobre a possibilidade de se casarem remotamente em um movimento chamado "Love is not Tourism" (Amor não é turismo, em tradução livre), que reúne outros casais que estão na mesma situação que elas. São pessoas que mantém relações à distância e que dividem a vida, mas que, por não serem um casal oficializado, tem mais dificuldade de se ver durante a pandemia.
Desde janeiro deste ano, alguns estados norte-americanos já permitiam que pessoas pudessem se casar em uma cerimônia pelo Zoom. Utah foi um dos primeiros a adotar este modelo de oficialização, enquanto o estado de Nova York liberou os casamentos remotos durante a pandemia. "Optamos por Utah porque conhecíamos uma garota que tinha conseguido por lá", fala Amanda.
O processo foi bastante tranquilo. "Entramos no site para nos cadastrar, prevendo que teríamos que esperar alguns dias antes de termos a autorização para nos casar, mas ela saiu na mesma hora. Até levamos um susto. A partir da emissão desse certificado, tínhamos 30 dias para oficializar a relação", narra a relações públicas.
Na segunda-feira (17), elas entraram em contato com o órgão público responsável pelo processo e marcaram a cerimônia com o oficial para a sexta-feira daquela semana. "Aí foi uma correria. Decidi fazer uma live no meu Instagram para que outras pessoas que não poderiam estar em casa pudessem acompanhar a cerimônia. Convidei as pessoas um dia antes", diz Amanda. Na casa dela, estavam cerca de cinco pessoas, apenas as pessoas mais próximas. "Os outros convidados puderam acompanhar tudo no conforto de suas casas, usando moletom."
A relações públicas conta que a família dela é muito festeira e não costuma deixar passar uma oportunidade de celebrar. "Por isso eles fizeram uma festinha surpresa de casamento para mim". Tinha bolo, docinhos, presentes e o principal: uma foto de Sabrina, a noiva, em papelão em tamanho real.
A cerimônia começou pontualmente às 19h e durou meia hora, em uma videoconferência feita pelo Zoom. "O oficial era o único que precisava estar em Utah. Eu e minha mãe, minha testemunha, entramos na videoconferência da minha casa, em São Paulo (SP), enquanto Sabrina e a mãe dela estavam em Nova York", fala Amanda. A relações públicas, fluente em inglês, ficou tão nervosa que achava que não entenderia o que o oficial falaria. "Até esqueci de chorar, porque não queria correr o risco de não compreendê-lo". Por volta de 20 minutos do fim da cerimônia, a versão online da certidão de casamento já estava disponível, enquanto o original deve chegar logo mais na casa de Sabrina.
"Nunca pensei que me casaria assim, de uma forma tão inusitada, tão diferente. Logo a gente, que gosta de uma festa", desabafa Amanda, que chorou muito apenas no dia seguinte. "Foi quando caiu a ficha de que sou uma mulher casada agora."
O plano é ir visitar Sabrina nos Estados Unidos no fim de setembro, mas a relações públicas continua nervosa. "Tenho medo de chegar lá e eles não me deixarem entrar." Ela, inclusive, obrigou a mulher a ligar duas vezes no setor de Imigração dos EUA. "Eles dizem que é apenas mostrar o certificado, mas, ainda assim, fico muito ansiosa. Este é apenas o primeiro passo de muitas incertezas." Mas, pelo menos, Sabrina e Amanda poderão passar por tudo isso fisicamente perto uma da outra e oficialmente casadas.
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