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Modelo trans se inspira em Valentina Sampaio e sonha com Victoria's Secret

A modelo Alexia Dutra, de 18 anos - Nanda Tavares/JOY Model
A modelo Alexia Dutra, de 18 anos Imagem: Nanda Tavares/JOY Model

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

03/09/2020 04h00

Alexia Dutra terminou o Ensino Médio em Cuiabá no ano passado e passou no vestibular para três cursos diferentes: Serviço Social, Odontologia e Nutrição. A jovem, de 18 anos, no entanto, disse "não" a todas essas opções para seguir a carreira de modelo — mais especificamente, realizar o sonho de integrar o casting da gigante Victoria's Secret, que atualmente conta com apenas uma modelo trans entre suas angels.

"Eu sempre fui apaixonada pelo mundo da moda, assistia aos desfiles e me imaginava ali. Então quando surgiu a oportunidade de poder trabalhar nesse mercado, eu não pensei duas vezes", contou para Universa. "Meu maior maior sonho é poder um dia estar na Victoria's Secret".

Descoberta no início do ano por um olheiro nas redes sociais, Alexia vê em Valentina Sampaio, primeira modelo transexual contratada pela famosa marca de lingeries, no ano passado, uma inspiração: "Ela chegou aonde muitas não chegaram e tem quebrado barreiras, provando que mulheres trans podem ser o que quiserem".

A modelo, que não conhecia São Paulo, se tornou moradora da cidade no mês passado — desde então, fez ensaios fotográficos e um desfile virtual da marca À La Garçonne, do estilista Alexandre Herchcovitch. Ela deve estrear nas passarelas na próxima temporada, que ainda não tem datas confirmadas, já que os eventos estão paralisados por conta da pandemia de coronavírus.

Alexia 1 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Alexia 2 - Nanda Tavares/JOY Model - Nanda Tavares/JOY Model
Imagem: Nanda Tavares/JOY Model

Falta de oportunidades

Alexia Dutra conta que "nem todos aceitaram de bom grado" quando ela se descobriu trans, mas teve todo o apoio da família materna e dos amigos, tanto naquele momento quanto ao decidir pela carreira no mundo da moda. "Desde o começo eles me motivaram e acreditaram em mim", conta. Mas a jovem reconhece que esse é um privilégio e que "faltam muitos direitos básicos para a população trans".

Ela vê falta de respeito e oportunidades para pessoas transexuais, e é justamente isso que espera ajudar a reverter. Questionada sobre como gostaria de ver a moda daqui a dez anos, ela respondeu: "Mais acolhedora e oferecendo grandes oportunidades".

"Espero construir uma carreira na moda e, com isso, espero que minha trajetória possa inspirar outras trans a conquistarem seus sonhos", finaliza.