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RJ: PMs acusados de agredir as mulheres seguem na corporação, diz jornal

Acusados de violência contra a mulher, policiais militares do Rio de Janeiro seguem na corporação - Getty Images
Acusados de violência contra a mulher, policiais militares do Rio de Janeiro seguem na corporação Imagem: Getty Images

De Universa, em São Paulo

08/09/2020 09h34

Acusados de violência contra a mulher, policiais militares do Rio de Janeiro seguem na corporação.

Segundo reportagem do jornal O Globo, que analisou 20 acusações deste tipo desde o início de 2019, em cinco delas o agente era reincidente e descumpriu medidas protetivas. Em outros seis, há medidas em curso contra eles, que não podem se aproximar das mulheres. Sete policiais perderam o porte de arma por decisão judicial ou da própria corporação. Sete são réus e um já foi condenado. Todos seguem na PM (Polícia Militar.

A reportagem cita o caso do cabo Bruno Ribeiro de Abreu, do 32º BPM (Macaé), acusado de agarrar sua mulher, jogá-la na cama, aplicar uma gravata em seu pescoço e colocar uma arma de fogo em sua cabeça, em Rio das Ostras, Região dos Lagos, em setembro do ano passado. Uma amiga da mulher, com quem ela fazia uma chamada de vídeo, testemunhou as agressões.

A PM avaliou que ele cometeu uma "transgressão leve". O processo administrativo aberto para avaliar sua resultou em repreensão, segunda punição mais branda. Mesmo réu na Justiça, ele segue patrulhando as ruas, segundo o jornal.

Num outro caso, uma câmera flagrou o cabo Tarcísio de Assis Nunes, do 22º BPM (Maré) espancando a mulher na frente da filha de seis anos do casal, em Belford Roxo. Ele ficou preso duas semanas, mas a Justiça determinou que fosse solto depois que a mulher alegou que "não tinha receio em sua soltura".

Em 2015, Nunes já havia ficado um mês preso por outro episódio de violência — na ocasião, a PM considerou que ele tinha condições de permanecer na corporação e o repreendeu. Agora, ele teve o porte de arma suspenso e foi submetido a um processo disciplinar que pode expulsá-lo da PM.

'Desamores e desavenças da vida cotidiana'

Em outra ocorrência citado pela reportagem, a PM alegou que um episódio de ameaça teria acontecido por "desamores e desavenças da vida cotidiana" e não puniu o policial.

O soldado Rogério da Costa, da UPP Vila Cruzeiro, teria quebrado uma porta da casa do casal em meio a uma discussão e teria dito "você acha que está falando com quem? Eu arrebento a sua cara", manuseando sua arma, segundo consta no boletim ocorrência. O caso foi arquivado e não consta na ficha dele.

No caso mais recente o sargento Júlio César de Brito foi acusado de ameaçar a mulher ao chegar em casa alcoolizado no último dia 22. Segundo a vítima, o agente carregou uma arma na sua frente e perguntou: "Já pensou se eu estourar a sua cara?". A Justiça proibiu que ele se aproxime da vítima.

De acordo com a reportagem, o único dos agentes preso é o sargento Daniel Deglmann. Ele foi condenado a nove anos de prisão por ter mantido a sua ex-companheira trancafiada por 13 dias, período em que ela foi espancada e dopada para não falar com seus familiares.

Questionada pelo jornal sobre os casos de violência contra as mulheres sem punição, a Polícia Militar alegou que a "análise de possíveis desvios de conduta é pautada dentro da previsão legal''.