Mulheres protestam contra gordofobia usando biquínis de fita em praça na BA
Um grupo de quatro mulheres gordas se reuniu em frente ao monumento As Meninas do Brasil, em Salvador, para protestar contra a gordofobia. O ato do movimento Vai Ter Gorda marca o Dia do Gordo, celebrado em 10 de setembro, e o local escolhido é conhecido na capital baiana como "as gordinhas de Ondina".
As mulheres presentes são ativistas anti-gordofobia e posaram usando apenas biquínis feitos de fita, em frente à obra da artista Eliana Kertész, que representa uma mulher gorda.
"O objetivo [da reunião de ontem] é reforçar a valorização dos corpos, para que possamos desconstruir padrões de beleza e reafirmar o corpo gordo enquanto resistência", disse a coordenadora do Vai Ter Gorda, Adriana Santos, à Universa.
Ela contou que a reação do público foi positiva — pessoas aplaudiram de dentro de carros e ônibus e pararam para fotografar.
"É muito bom saber que há uma reação positiva do público. Isso reforça nossa luta, saber que a sociedade está se conscientizando e abre espaço para essa representatividade", completou.
O movimento Vai Ter Gorda existe há quase cinco anos e já fez outros protestos semelhantes. Em 2019, por exemplo, reuniu 12 mulheres gordas e negras na praia do Porto da Barra, em Salvador.
Dessa vez, no entanto, o número reduzido de manifestantes foi proposital: elas evitaram anunciar o ato previamente para evitar aglomeração durante a pandemia de coronavírus.
Políticas públicas
Adriana conta que a expectativa do movimento Vai Ter Gorda é não só desconstruir um padrão estético, como combater um preconceito estrutural, que dificulta o acesso de pessoas gordas.
Elas pedem políticas públicas em relação à empregabilidade de pessoas gordas e, principalmente, ao acesso à saúde.
"A saúde é um espaço de de exclusão e de preconceito contra o corpo gordo. A gente não tem equipamentos que medem a pressão arterial no tamanho do nosso braço, não temos vestuário adequado, nem macas em hospitais ou máquinas que fazem exames de alta complexidade, como tomografia ou ressonância", criticou.
Ela lembrou, também, que assentos no transporte público também não atendem a todos os tamanhos de corpo.
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