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Youtuber tem nome associado a vídeo pornô e sofre ataques virtuais

Laura Sabino teve seu nome atrelado a um vídeo pornô que circula no Whatsapp - Reprodução / Instagram
Laura Sabino teve seu nome atrelado a um vídeo pornô que circula no Whatsapp Imagem: Reprodução / Instagram

Ana Bardella

De Universa

13/09/2020 04h00

Laura Sabino é estudante de História e usa as redes sociais para produzir conteúdo sobre política. No canal do YouTube que leva seu nome, com 36 mil inscritos, a jovem de 21 anos posta vídeos como: "Socialismo não dá certo?", "Por que estudar Marx?" e "O que são classes e luta de classes?", sempre focando em temas ligados ao socialismo e a esquerda. Nos últimos dias, no entanto, precisou usar as redes para explicar aos seguidores e conhecidos que um vídeo de conteúdo pornográfico que estava circulando pelo Whatsapp, atrelado ao seu nome, não era verdadeiro. Em entrevista à Universa, Laura afirma se tratar de um ataque virtual motivado por ódio político.

"Querem me silenciar"

A youtuber relata que, no início desta semana, começou a receber mensagens pelo Instagram de seguidores avisando que um vídeo pornográfico seu estaria sendo compartilhado pelo Whatsapp. "Obviamente já sabia que se tratava de uma fake news, porque nunca gravei esse tipo de conteúdo. Não teria como acontecer. No início pensei que algum recurso pudesse ter sido usado para modificar o rosto da pessoa que aparece no vídeo, depois vi que se tratava de uma mulher totalmente diferente de mim, só com o cabelo parecido, mas com tatuagens no corpo. Meu nome só foi colocado no título", explica.

Laura não chegou a registrar um boletim de ocorrência, mas pediu nas redes sociais que todos que tivessem acesso ao material denunciassem o conteúdo. "O mais chato é ter que explicar algo assim para meus colegas de faculdade, minha família. Sou jovem, tenho um ciclo social. Ataques do tipo afetam diretamente minha vida pessoal", comenta.

Quando questionada sobre as motivações por trás da ação, Laura é categórica em dizer que se trata de uma atitude "rasteira e dolorosa", que visa silenciar seu canal. "Há algum tempo comecei com uma playlist na qual rebato livros que são best sellers da extrema direita. Como eu curso História, aprendo a fazer checagem de fontes, a confrontar dados e a fazer apontamentos sobre a construção das narrativas. Vejo que algumas obras são inconsistentes, sem rigor científico. Mas toda vez que falo sobre alguma delas, o número de comentários de ódio nas minhas redes cresce bastante", conta.

No último vídeo da playlist, postado no dia 3 de setembro, Laura rebate a obra "O Livro Negro do Comunismo". Para a youtuber, é possível que esta tenha sido a motivação para os ataques.

"Isso que dá mulher falar de política"

Esta não foi a primeira vez que a jovem foi ofendida nas redes. Antes de criar o canal, uma sequência de fotos em que aparece usando um boné com uma estrela vermelha, que remete à boina usada por Che Guevara, foi replicada e ridicularizada através de comentários machistas, relacionando o gênero feminino à incapacidade de opinar sobre assuntos sociais, em páginas do Facebook e sites políticos.

"Em outra ocasião, tranquei todas as redes porque encontraram tuítes antigos em que expus meus problemas com anorexia, bulimia e depressão. Começaram a dizer que eu deveria ter me matado naquela época e a me ameaçar de morte. Foi uma situação extremamente dolorida, que está toda documentada", diz. Apesar do desapontamento, Laura não fica surpresa quando começa a receber as mensagens de ódio. "No fim das contas, quem se propõe a fazer o que eu faço, sabe que esse tipo de coisa vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Somos alvos", avalia.