Psicóloga cria guia antirracista e aponta papel do branco sobre privilégios
Não é de hoje que a luta de pessoas negras contra o racismo acontece e inspira produção de conhecimento. Mais recentemente, no entanto, o debate foi centralizado sob uma visão antirracista no Brasil e no mundo, e pessoas brancas também pararam para se perguntar o que poderiam fazer para mudar a desigualdade racial.
No ano passado, a filósofa Djamila Ribeiro publicou o livro "Pequeno Manual Antirracista" que, em junho deste ano, se tornou o livro mais vendido do país na Amazon Brasil. A psicóloga e ativista social Mariana Luz lança, agora, um guia prático para as pessoas que estão se aproximando do debate racial — e, principalmente, querem entender o que é o privilégio branco e o que ele tem a ver com a história do país.
Guia antirracista fala de história do Brasil e relações raciais
Em formato de e-book, o "Era uma vez negritude" é a primeira publicação de Luz e explica aspectos da negritude e como a história do continente África e das pessoas negras que foram escravizadas no Brasil passou por um apagamento que reflete até hoje nas relações raciais entre nós.
"Quero promover uma conversa com pessoas brancas e negras, porque acho que não tem como superar o racismo se todas as pessoas não estiverem envolvidas e conscientes de que fazem parte do problema", explica a autora. "O racismo não foi um conceito que negros inventaram, nem o sistema de opressão que diz uma raça é melhor do que outra, foram os brancos. A intenção é que todos leiam e percebam que a história dos africanos que foram trazidos para cá e dos afrodescendentes não é só uma questão de negros."
A experiência no consultório com pacientes negros e a vivência como mulher negra também serviram de bagagem para a autora, que lançará mais dois guias até o final do ano, sobre branquitude e sobre as relações raciais. "Como mulher negra, sei que tudo que faço vai ser sempre olhado do ponto de vista da minha raça e do meu gênero. E isso é para todas as pessoas, só que, como o padrão abrange os que são brancos e homens, eu sou mais impactada", analisa.
Assim, a psicóloga e autora acredita que o e-book poderá dialogar com pessoas brancas, inclusive para que elas repensem as noções de privilégio racial, heranças racistas de linguagem e outras estruturas que permeiam a relação com pessoas negras.
No consultório, Luz diz lidar cotidianamente com os impactos psicológicos do racismo nos pacientes. Produzir conteúdo sobre o assunto, assim, se torna uma fresta para abrir o debate para aqueles que são beneficiados pela perpetuação do sistema racista. "A gente ouve as pessoas dizendo 'eu não escravizei ninguém'. E, de fato, não. Mas a pessoa é beneficiada por isso, e precisamos falar sobre essa situação".
"O livro é para todas as pessoas que querem ser antirracistas, já que temos pessoas genuinamente engajadas na luta buscando uma sociedade equânime. Ele é a minha contribuição para um Brasil melhor e menos violento, para que as pessoas possam ser quem elas são sem que isso tenha uma definição da cor da pele e do gênero".
O e-book é vendido virtualmente e pode ser baixado em PDF no site da psicóloga. Ele custa R$ 6,90.
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