Topo

Após divórcio e 'buraco financeiro', ela ensina economia a outras mulheres

Alessandra Vaz da Silva - Reprodução/Facebook
Alessandra Vaz da Silva Imagem: Reprodução/Facebook

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

19/09/2020 04h00

Quando procurou a Amac (Associação de Mulheres de Atitude com Compromisso Social) pela primeira vez, em 2019, Alessandra Vaz da Silva buscava acolhimento depois de sair de um casamento de 11 anos em que sofreu com violência emocional e financeira do parceiro.

Hoje, um ano e meio depois, ela atua acolhendo mulheres na mesma situação e, principalmente, dividindo conhecimento em economia doméstica para ajudá-las a se restabelecer financeiramente.

Alessandra conta que saiu da relação "com um buraco financeiro e emocional" e chegou à associação por indicação de uma amiga. Lá, ela foi encaminhada à assistente social e passou a fazer acompanhamento psicológico com voluntárias. Ao observar o dia a dia da ONG, sentiu "um desejo muito forte" de compartilhar sua experiência com outras vítimas. "Percebi que naquilo que eu mais fui ferida havia a possibilidade de curar outras mulheres", diz.

Na prática, ela, que trabalha na área financeira da IBM Brasil, participa de rodas de conversa com mulheres que procuram a associação, seja online ou presencialmente, na cidade de Duque de Caxias (RJ), ajudando outras mulheres a retomar a independência financeira.

"A impressão que eu tinha quando elas chegavam aqui é que não tinham mais autoconfiança, não tinham mais direitos e nenhuma expectativa de vida, de um futuro melhor", conta. "Eu passo minha experiência, conto o que não deu certo e ajudo a criar hábitos como anotar tudo o que se compra, refletir sobre os gastos, fazer orçamentos, planejamento financeiro. Com as ferramentas certas e dando um passo de cada vez é possível sair do fundo do poço."

Alessandra Vaz durante uma das rodas de conversa com mulheres atendidas pela AMAC - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Alessandra Vaz da Silva durante uma das rodas de conversa com mulheres atendidas pela AMAC
Imagem: Arquivo pessoal

Dentre outros serviços prestados pela ONG estão o acolhimento por assistência social, encaminhamento a psicólogas, à Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) ou outras autoridades competentes. Em determinados casos, a Amac fornece alimentos, produtos de higiene e busca vaga em abrigos.

Durante a pandemia de coronavírus, o trabalho aumentou: se antes a associação atendia cerca de 100 mulheres vítimas de violência por mês, entre março e agosto foram 750 atendimentos por mês, em média.

O aumento da violência doméstica durante a quarentena fez crescer este índice, mas o número engloba também o que Alessandra chamou de "vítimas da violência social", se referindo a catadoras de recicláveis que não tiveram acesso ao auxílio emergencial por falta de documentos — nesses casos, a AMAC forneceu alimentos, kits de higiene pessoal e produtos de limpeza.

A AMAC nasceu há 9 anos e, em 2020, foi a única iniciativa social brasileira reconhecida no IBM Volunteer Excellence Award 2020, evento da IBM que premia ações voluntárias de seus funcionários em todo o mundo. O trabalho de Alessandra foi reconhecido ao lado de iniciativas no Canadá, na Índia, no Chile, na República Tcheca, na China, entre outros.