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As golas de Ruth Ginsburg e o estilo supremo de um ícone da cultura pop

Ruth Bader Ginsburg, com seu colar favorito - Divulgação
Ruth Bader Ginsburg, com seu colar favorito Imagem: Divulgação

De Universa

19/09/2020 16h37Atualizada em 20/09/2020 10h11

Um colar feito com delicados fios de lã em uma trama de crochê produzido na África do Sul se tornou um símbolo de justiça. Ele era o preferido, numa coleção de adereços que se tornou notória, para compor o uniforme de trabalho de uma mulher que se tornou referência progressista na Suprema Corte dos Estados Unidos.

Ruth Bader Ginsburg foi a segunda mulher a se tornar magistrada na mais alta Corte americana e faleceu na sexta-feira, aos 87 anos, após uma longa batalha contra um câncer no pâncreas. Ela se tornou uma referência política por defender os direitos das mulheres, negros e LGBTs desde que mulheres ainda eram malvistas nas universidades, nos anos 1950.

Usando seus inconfundíveis colares e estilizadas gravatas-borboleta, esta mulher nascida no Brooklyn e amante de ópera era a decana da Corte e "líder" da coalizão de esquerda em um tribunal de maioria conservadora. Nunca hesitou em dizer o que pensava, e sua contundente frase "Eu discordo" se tornou parte de seu improvável legado como ícone da cultura pop.

Sua importância política e social, aliada a um estilo muito próprio, fez com que a imagem de Ruth, com rosto emoldurado por óculos de aro escuro, se reproduzisse por uma infinidade de produtos como chaveiros, camisetas, máscaras, roupinhas de bebê e, claro, colares.

Ruth exibe colares - Jonathan Ernst/REUTERS - Jonathan Ernst/REUTERS
Ruth Bader Ginsburg exibe, em foto de 2016, os diferentes colares que usava na Suprema Corte
Imagem: Jonathan Ernst/REUTERS

Ela também ganhou o apelido "Notorious R.B.G." ("Notória R.B.G.", em inglês), uma ode ao rapper Notorious B.I.G. A trajetória de Ruth e sua ascensão ao "posto" de referência cultural foram retratadas no documentário "A Juíza", que concorreu ao Oscar de Melhor Documentário e Melhor Canção Original em 2019.

Ruth Ginsburg com seu "colar da divergência" - MANDEL NGAN - 30.nov.2018/AFP - MANDEL NGAN - 30.nov.2018/AFP
Ruth Ginsburg com seu "colar da divergência"
Imagem: MANDEL NGAN - 30.nov.2018/AFP

Ruth Ginsbourg - Jonathan Ernst/REUTERS - Jonathan Ernst/REUTERS
O colar escolhido por Ruth Ginsburg para registro da Suprema Corte
Imagem: Jonathan Ernst/REUTERS

Para a imprensa americana, o colar escolhido para adornar o figurino de Ruth era um prenúncio sobre seu posicionamento em determinada discussão, alçando a escolha estética a um mergulho de significados e apostas.

Ela mesma dava apelido aos acessórios e gostava de usar o que chamava de "colar da divergência", metálico, semelhante a uma armadura com espinhos, da marca Stella & Dot. Ele foi o escolhido para aparecer no dia seguinte à eleição do presidente Donald Trump.

Juntos dos colares, brincos, o modo de prender os cabelos e as luvas que adotou depois da quimioterapia, em 2009, também se tornaram marca do estilo da magistrada.

Judia, mulher e mãe

Nascida em 15 de março de 1933, em uma família de imigrantes judeus russos no auge da Grande Depressão, ela perdeu a mãe para o câncer na adolescência. Foi para a Universidade Cornell, onde teve o escritor Vladimir Nabokov como professor e onde conheceu seu marido, Martin.

O casal se matriculou na Harvard Law School: ela lutou para permanecer na escola enquanto criava sua primeira filha, Jane, e seu marido lutava contra um câncer. Ele faleceu em 2010. Embora fosse uma das melhores alunas de sua classe, ela lutou para começar na profissão.

"Eu tinha três pontos contra mim. Um, eu era judia. Dois, eu era uma mulher. Mas o golpe final foi que eu era uma mãe", disse ela em uma entrevista à CBS, em 2016.

Ela acabou na vida acadêmica, ensinando nas Universidades Rutgers e Columbia como uma das poucas mulheres na equipe. Na década de 1970, a American Civil Liberties Union (ACLU) recrutou Ginsburg para litigar casos de discriminação sexual.

Sua colega, a juíza da Suprema Corte Elena Kagan, resumiu seu desempenho da seguinte forma: Ginsburg "mudou o rosto da lei americana antidiscriminação".

Sua vida foi retratada em dois filmes em 2018: o documentário "RBG" e o filme "On the Basis of Sex". (Com informações da AFP)