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Nos EUA, adolescente muçulmana é desqualificada de jogo por causa do hijab

Em 2019, outra atleta, Noor Alexandria Abukaram, foi desclassificada por usar hijab - (Reprodução/CNN)
Em 2019, outra atleta, Noor Alexandria Abukaram, foi desclassificada por usar hijab Imagem: (Reprodução/CNN)

De Universa

19/09/2020 12h32

Uma atleta do ensino médio de uma escola pública em Nashville, Tennessee (EUA) foi impedida de jogar uma partida vôlei após um árbitro alegar que seu hijab violava as regras. A vestimenta é um véu usado por mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça.

Najah Aqeel, de 14 anos, deveria jogar fora de casa pelo time de vôlei na última terça-feira (15). Pouco antes do início do jogo, o árbitro disse a Najah e a sua técnica que seu hijab violava as regras estabelecidas pela Federação Nacional das Associações Estaduais de Ensino Médio (NFHS), órgão nacional que redige as normas para vários esportes para a maioria das escolas de ensino médio em todo o país. O juiz disse ainda que a jovem precisava de uma permissão especial para jogar.

Nem Najah nem seus treinadores sabiam da regra. Ela já havia jogado usando o hijab, e chorou após saber da decisão.

"Eu estava chorando, não porque estava machucada, mas com raiva. Achei injusto", disse Najah ao site "HuffPost".

A mãe da jovem vê preconceito contra sua religião.

"Isso foi uma injustiça. Foi por causa de sua religião. Foi por causa do hijab dela", afirmou ao site.

Segundo o "HuffPost", Najah não é a primeira estudante-atleta muçulmana a ser desqualificada de uma competição do ensino médio devido ao hijab. Em 2018, a adolescente muçulmana Noor Alexandria Abukaram foi desqualificada de uma corrida em Ohio depois de fazer seu melhor tempo porque as autoridades disseram que seu hijab violou o uniforme e ela precisava de uma autorização.

Além das escolas, os atletas muçulmanos em ligas profissionais também enfrentaram desafios semelhantes devido aos seus hijabs, e muitos disseram que se sentiram forçados a escolher entre sua fé e sua paixão pelos esportes. Advogados desde então vêm apelando aos departamentos de atletismo e ligas internacionais para atualizar o que eles chamam de regras antiquadas que miram particularmente as mulheres muçulmanas.

Um porta-voz da escola onde Najah estuda disse ao "HuffPost" que não tinha ideia da existência da política até aquele jogo, e que seus outros atletas que usam hijab na escola nunca tiveram problema.

"Como departamento de esportes, estamos extremamente desapontados por não estarmos cientes dessa regra ou previamente informados sobre ela em nossos três anos como escola membro da TSSAA [Associação Atlética da Escola Secundária do Tennessee]. Também estamos frustrados que esta regra tenha sido aplicada seletivamente, como evidenciado pelo fato de que os alunos-atletas já competiram usando hijabs ", disse Cameron Hill, diretor de Atletismo da Valor Collegiate Academies em um comunicado.

A TSSAA disse ao "HuffPost" que estava apenas seguindo as regras estabelecidas pela organização nacional.

"A TSSAA sempre concedeu exceções a qualquer aluno que deseje participar com toucas ou outras peças de roupa, por motivos religiosos", disse Bernard Childress, diretor executivo da organização. "O pedido nesta situação foi submetido ao nosso escritório na quarta-feira, 16 de setembro, e foi aprovado imediatamente", acrescentou. Mas para Najah, era tarde demais. Ela foi forçada a ficar de fora do jogo de terça-feira.

Nem a NHFS nem a Middle Tennessee Volleyball Association —responsável pelo árbitro— respondeu ao pedido de entrevista do "HuffPost".